Grupos de torcedores de várias partes da Europa expressaram sua indignação contra os planos das federações de futebol da Espanha e da Itália de realizar partidas de ligas locais fora do continente. A proposta da La Liga, que envolve a transferência de um jogo entre o Barcelona e o Villarreal para Miami, Flórida, em 20 de dezembro, gerou forte oposição. A Football Supporters Europe (FSE), representando 423 grupos de torcedores de 25 países, classificou a ideia como “absurda”.
Oposição unificada dos torcedores
Em uma declaração contundente, a FSE argumentou que “transportar jogadores, comissão técnica e torcedores por oceanos para um jogo ‘em casa’” é não apenas inviável, mas também ambientalmente irresponsável. Essa transferência de jogos, que já ocorre em edições da Supercopa da Espanha e da Itália na Arábia Saudita, abre precedentes que podem afetar o futuro do futebol europeu. Os torcedores temem que esta prática possa se expandir, levando a clubes locais a se distanciarem de seus fãs e raízes culturais.
Críticas de jogadores e capitães
A crítica não veio apenas dos grupos de torcedores, mas também de figuras influentes dentro do futebol, como os capitães do Barcelona e do Villarreal. Eles se manifestaram contra a falta de diálogo por parte da La Liga e expressaram preocupação com a realocação de partidas, ressaltando a necessidade de manter os jogos perto das comunidades que apoiam as equipes. A união de torcedores e jogadores pode ser um fator decisivo na discussão sobre os rumos do futebol europeu.
Impacto ambiental e cultural
A realização de jogos em locais distantes, como Miami, preocupa não apenas pela questão logística, mas também por suas implicações ambientais. À medida que a indústria do futebol se globaliza e busca novas fontes de receita, as preocupações sobre a pegada de carbono gerada por tais deslocamentos se tornam centrais. A FSE alertou que “todas as torcidas organizadas ao redor do mundo correriam o risco de ver seus times sendo transferidos para qualquer parte do mundo, por um jogo ou mais”.
A dúvida que paira sobre essa estratégia é se a UEFA irá endossar essa mudança, programada para ser discutida em 11 de setembro. A FSE advertiu sobre as consequências que essa decisão pode trazer, descrevendo o potencial de abertura de “uma caixa de Pandora” que poderia mudar para sempre a relação dos torcedores com suas equipes.
Reações das instituições esportivas
A FIFA, que anteriormente se opunha a tais transferências, lançou um grupo de trabalho em maio para revisar suas regras, mudando sua postura em relação a jogos fora de suas ligas tradicionais. O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, manifestou que embora a organização não esteja satisfeita com os planos, as federações nacionais têm a legalidade do processo, se ambas concordarem em realizar jogos fora de seus territórios.
Do ponto de vista financeiro, a busca por novos mercados e receitas continua sendo uma pressão significativa para as ligas europeias, que observam o sucesso de iniciativas semelhantes de ligas americanas, como a NFL e a NBA, que já implementaram jogos fora do país como parte de suas estratégias de expansão.
As consequências nas ligas europeias
As críticas e as preocupações geradas pelo possível deslocamento de partidas para o exterior estão alinhadas com um crescente descontentamento entre torcedores e stakeholders do futebol. A La Liga tenta há anos levar jogos para os Estados Unidos, apoiando-se em parceiros comerciais, enquanto a Série A segue o mesmo caminho, ambas movidas pela promessa de maior visibilidade e lucro.
Conforme a discussão sobre esses movimentos se intensifica, o apoio dos torcedores se torna mais crucial do que nunca, evidenciando a necessidade de um diálogo aberto entre federações, clubes e as comunidades locais que sustentam o coração do futebol.
A questão respira um novo ar de ativismo e consciência em torno do futebol, levando as instituições a reconsiderarem a maneira como eles conduzem suas práticas comerciais em um mundo onde o esporte é cada vez mais um negócio global, mas em risco de perder sua essência.
Com o futuro do futebol europeu em jogo, a pressão por práticas mais sustentáveis e conscientes continua a crescer, e as decisões que estão sendo tomadas agora podem ter efeito duradouro no esporte que os fãs tanto amam.