Uma plenária está marcada para discutir a participação do setor privado brasileiro nas negociações com os Estados Unidos sobre tarifas comerciais que afetam diversas exportações do país. A audiência, a portas fechadas, será liderada por representantes de 1093 empresários de setores como carnes, cafés, calçados e bens de capital.
Investigação americana e impacto no comércio brasileiro
Baseada na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, a investigação foca em áreas como acesso ao mercado de etanol, uso do Pix, propriedade intelectual e questões relacionadas ao desmatamento e combate à corrupção. Os EUA questionam práticas comerciais brasileiras, promovendo uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o que prejudica setores essenciais da economia.
Representantes e agenda de negociações
A confederação nacional da indústria (CNI) será representada pelo embaixador Roberto Azevêdo, ex-secretário-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). O encontro ocorrerá nesta semana e visa abrir canais para negociações que possam incluir novas exceções às tarifas impostas por Donald Trump, presidente dos EUA.
Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, o objetivo é consolidar uma posição firme do setor privado brasileiro, defendendo a necessidade de conversas “nos termos comerciais, econômicos, de forma racional e técnica”.
Diálogo e perspectivas futuras
O governo brasileiro enviou um relatório detalhado há duas semanas para os EUA, respondendo às questões levantadas pelo United States Trade Representative (USTR). Espera-se que uma reunião oficial entre as partes seja realizada ainda neste mês, com uma investigação que geralmente leva cerca de um ano para ser concluída.
Marcos Chiliatto, vice-presidente da CNI, destaca a importância do diálogo: “Temos que acreditar que o diálogo entre Brasil e Estados Unidos vai acontecer”, afirmou, reforçando o desejo de negociar alternativas às tarifas.
Reações e análises internacionais
Especialistas percebem a investigação como um sinal de que a relação comercial entre os dois países pode passar por momentos de tensão. Ray Dalio, guru de Wall Street, alertou que os EUA sob Trump estão se tornando uma autocracia, o que pode complicar ainda mais as negociações internacionais.
Na semana passada, dirigentes das federações das indústrias de Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo participaram de reuniões com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, reforçando a estratégia conjunta do setor privado.
Próximos passos
As negociações continuam em andamento e a expectativa é de que o processo de investigação seja resolvido até o próximo ano. A intenção do setor empresarial é garantir alternativas que protejam as exportações brasileiras e evitar prejuízos a setores estratégicos da economia.
Mais detalhes sobre a audiência e o desdobramento das negociações podem ser acompanhados na reportagem do Globo.