O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi afastado nesta quarta-feira (3) do cargo sob suspeita de participação em esquema de desvio de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19, incluindo verbas para cestas básicas.
Afastamento de seis meses foi determinado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e tem validade imediata. Segundo apurou o UOL, a decisão do ministro Mauro Campbell Marques será julgada ainda hoje na Corte Especial do STJ —os 15 ministros mais antigos do tribunal irão avaliar se Barbosa segue afastado do cargo. A Corte Especial julga as ações penais contra governadores e outras autoridades.
A primeira-dama também foi afastada de cargo do governo. Karynne Sotero Campos deixará a Secretaria Extraordinária de Participações Sociais por seis meses. De acordo com a PF, com o apoio de servidores públicos, empresários e de dez deputados estaduais, ela e o marido instituíram no governo do Tocantins um amplo esquema de desvio de recursos públicos.
Investigações indicam um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021. Segundo a PF, os suspeitos teriam aproveitado o estado de emergência em saúde pública para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas. Os inquéritos tramitam sob sigilo no STJ.
Wanderlei Barbosa, que na época dos crimes era vice-governador, recebia depósitos em espécie de maneira fracionada. A PF identificou que pagamento era feito pelo seu chefe de gabinete. Boletos de valores elevados em nome de Barbosa também eram pagos com dinheiro de propina. Na prática, empresas previamente selecionadas, muitas delas constituídas há pouquíssimo tempo, ou com objeto social distinto do fornecimento de alimentos, eram contratadas, recebiam valores altos, e entregavam apenas parte dos serviços e produtos.
PF identificou quatro núcleos criminosos. O de políticos, de servidores públicos, de empresários e o núcleo financeiro e de lavagem de capitais. Esse último era composto por pessoas que atuavam para dissimular o recebimento de vantagens indevidas e para destinar o dinheiro, que era sacado para ser posteriormente repassado aos demais integrantes da organização
Mais de 200 policiais federais cumprem 51 mandados de busca e apreensão. PF investiga uso de emendas parlamentares e vantagens recebidas por agentes públicos e políticos. O Palácio do Araguaia, sede do governo do Tocantins, é um dos lugares onde as buscas acontecem, bem como a Assembleia Legislativa.
Foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para cestas básicas e frangos congelados, de acordo com a PF. O prejuízo estimado aos cofres públicos supera R$ 73 milhões, conforme apuração.
Os valores desviados foram ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo. Além disso, houve compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos no esquema. Os fatos indicam a prática dos seguintes crimes: frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, formação de organização criminosa e lavagem de capitais.
Da Redação