O julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) entrou no seu segundo dia nesta quarta-feira (3), com a conclusão das sustentações orais das defesas de Jair Bolsonaro e sete aliados acusados de golpe de Estado. Entretanto, o ex-presidente parece estar fora do radar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e das principais autoridades americanas, mesmo na iminência de consequências significativas denotadas pela pressão internacional.
A aliança em questão
Nos últimos dias, aliados do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) têm se movimentado para pressionar o governo americano a aumentar as sanções da Lei Magnitsky contra a mulher do ministro do STF, Viviane Barci de Moraes, e potencialmente contra os filhos do casal. Eduardo Bolsonaro se reunirá com autoridades americanas nesta quarta-feira na Casa Branca, buscando apoio e estratégias que possam influenciar no resultado do julgamento no Brasil.
Entretanto, até o presente momento, Trump não deu sinais claros de apoio ao seu aliado, o que levanta dúvidas entre os políticos brasileiros sobre a estratégia americana. O presidente americano, que fez a sua primeira aparição em mais de uma semana, se concentrou em questões que envolvem a Europa, recebendo o presidente da Polônia, Karol Nawrocki, mas não mencionou nada sobre o julgamento em andamento no Brasil.
O impacto da Lei Magnitsky
O governo americano utilizou a Lei Magnitsky, criada para punir violadores de direitos humanos, como uma forma de retaliar as ações que ocorrem no Brasil. Em julho, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma medida que Bolsonaro classificou como uma “caça às bruxas” e que exigiu o encerramento do processo no Supremo. Esta retaliação pode ser vista como um sinal de que o governo dos EUA está observando de perto o desenrolar do julgamento, mas sem se comprometer com intervenções diretas.
Repercussão internacional
Criticas ao processo em curso e o silêncio de Trump e de aliados próximos à sua administração sugerem um distanciamento em relação a Bolsonaro. Mesmo o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que normalmente é bastante vocal, tem se mantido longe do assunto. Seu vice, Christopher Landau, e outros membros do governo também não mencionaram o julgamento do ex-presidente brasileiro, o que reforça a ideia de que os Estados Unidos estão adotando uma postura de espera em relação ao desfecho desta situação.
A situação política no Brasil
A situação política no Brasil, marcada pela polarização, continua a se agravar, com aliados de Bolsonaro buscando maneiras de contornar a pressão internacional. No entanto, a falta de apoio ou comentários da liderança americana pode sinalizar uma mudança nas dinâmicas do relacionamento Brasil-EUA. Na última terça-feira, em uma coletiva de imprensa sobre questões do Departamento de Defesa, Trump criticou as tarifas do Brasil, da China e da Índia, mas não fez menções ao STF ou ao julgamento de Bolsonaro, alimentando especulações sobre o futuro deste relacionamento.
O envolvimento de aliados da administração Trump e as movimentações de Eduardo Bolsonaro na Casa Branca são indícios de que, apesar de não receber o apoio que esperavam, ainda há tentativas de manter uma conexão entre as duas nações. No entanto, fica a interrogação se o governo americano irá seguir influenciando ou mesmo intervindo nas questões políticas brasileiras que atualmente colocam o ex-presidente em uma posição delicada.
Conclusão
O julgamento da trama golpista de Jair Bolsonaro continua a gerar repercussões tanto no Brasil quanto no cenário internacional. A ausência de apoio explícito de Donald Trump e as movimentações dos aliados de Bolsonaro nos Estados Unidos sublinham diferenças significativas nas expectativas políticas e nos planos futuros. À medida que o julgamento avança, as consequências das ações tomadas no âmbito judicial e político estarão em evidência, tanto para o ex-presidente quanto para a relação entre EUA e Brasil.