Brasil, 3 de setembro de 2025
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Indústria brasileira permanece estagnada pelo quarto mês consecutivo

A produção industrial no Brasil caiu 0,2% em julho, refletindo os impactos da política de juros altos e a postura de cautela das empresas

Após quatro meses de estabilidade, a indústria brasileira voltou a apresentar queda em julho, com retração de 0,2%, segundo dados do IBGE. O resultado indica um quadro de estagnação que não era visto desde fevereiro de 2023, evidenciando os efeitos da política monetária restritiva, marcada pelos juros elevados.

Perspectivas para o setor industrial em 2024

Especialistas divergem nas projeções para o restante do ano. Claudia Moreno, economista do C6 Bank, projeta que o setor deve encerrar 2024 com crescimento próximo a zero, após uma expansão de 3,1% no ano passado. Já Igor Cadilhac, do PicPay, aposta em um crescimento de cerca de 2%, acreditando que exportações fortes e medidas de estímulo podem compensar os efeitos dos juros altos.

Impacto dos juros elevados na atividade industrial

De acordo com André Macedo, gerente de pesquisa do IBGE, a alta da taxa básica de juros, a Selic, desde setembro do ano passado, influencia diretamente a produção. Atualmente, a Selic está na maior taxa desde julho de 2006, em 15,25% ao ano. Essa elevação encarece o crédito, aumenta a inadimplência e atrapalha decisões de investimento e consumo, contribuindo para a desaceleração do setor.

“O nível elevado dos juros traz consequências que impactam toda a economia, dificultando o acesso ao crédito e desacelerando o crescimento”, explicou Macedo. Ele destacou ainda que a defasagem do aumento da Selic sobre a atividade econômica revela que efeitos mais visíveis podem ocorrer nos próximos meses.

Variação por categorias econômicas

Entre as categorias pesquisadas, duas registraram queda de junho para julho. Bens de consumo duráveis (-0,5%) e bens de capital (-0,2%) sofreram retrações, reflexo da sensibilidade ao nível de juros, que encarece o crédito aplicado a esses segmentos.

Por outro lado, bens semi e não duráveis ficaram estáveis, com variação de 0,1%, enquanto os bens intermediários tiveram alta de 0,5%, impulsionados sobretudo pelo setor extrativo, que cresceu 0,8%, puxado pela produção de petróleo e gás.

“A indústria extrativa, concentrada na extração mineral e de petróleo, tem sustentado o crescimento anual da produção industrial”, afirmou Moreno. Ela acrescentou que, sem o desempenho positivo dessa categoria, a indústria brasileira tenderia a mostrar retração na comparação com julho de 2024.

Setores mais afetados e expectativas futuras

Das 25 atividades analisadas, 13 tiveram queda em julho, sendo a metalurgia a mais impactada, com retração de 2,3%. Outros segmentos, como o de bens de consumo duráveis e bens de capital, também sofreram impacto devido ao alto nível de juros.

Tarifaço e incertezas no cenário externo

Questionado sobre o possível efeito do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em agosto, Macedo afirmou que algumas empresas já sinalizam efeitos negativos. “Algumas atividades que dependem de maior tempo na produção podem frear ou adiar decisões de expansão, mas, até o momento, ainda há muita incerteza”, explicou.

Ele destacou que, atualmente, a questão do tarifaço reflete expectativas e confiança dos empresários, com impactos mais evidentes a médio prazo.

“Qualquer efeito no futuro dependerá da evolução das condições externas e do nível de confiança dos agentes econômicos”, concluiu Macedo.

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