O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou otimismo nesta quarta-feira (3) em relação à conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Após a validação do texto final pela Comissão Europeia, Haddad destacou que o cenário internacional favorece o fechamento do tratado ainda neste ano, o que deve fortalecer as relações econômicas e políticas entre as regiões.
Expectativas e estratégias para a assinatura do acordo
Haddad afirmou que a atual conjuntura global, marcada por tensões comerciais e política protecionista dos Estados Unidos, reforça a importância de fortalecer parcerias comerciais com outras regiões. Segundo o ministro, o tratado pode impulsionar o desenvolvimento econômico do Brasil e do bloco do Mercosul, além de promover maior cooperação política e geopolítica entre as partes.
“Estou muito confiante. Sobretudo à luz do que está acontecendo no mundo. A União Europeia tem todas as razões para firmar o acordo com o Mercosul e vice-versa. Seria uma excelente notícia para o mundo que América do Sul e Europa se unissem em torno de um projeto comum,” declarou Haddad.
Avanços e passos finais no processo de ratificação
De acordo com Haddad, o texto do tratado será agora submetido ao Parlamento Europeu e aos governos dos 27 Estados-membros, numa estratégia de agilizar o processo de aprovação, com a divisão em duas frentes: uma comercial e outra política. Enquanto a parte comercial depende de maioria simples no Parlamento Europeu para entrar em vigor, a aprovação dos parlamentos nacionais será necessária para a fase política.
O representante do governo brasileiro destacou que a expectativa é que o acordo seja assinado em dezembro, durante a cúpula presidencial do Mercosul em Brasília, quando o Brasil estará sob a presidência rotativa do bloco. A maioria qualificada no Conselho Europeu, que reúne 15 países representando 65% da população, apoia o pacto, o que aumenta as chances de sua implementação.
Impactos econômicos e benefícios esperados
O tratado prevê a formação de um mercado comum de 780 milhões de consumidores, com um PIB de US$ 22,3 trilhões. Para a União Europeia, os principais ganhos radiarão na eliminação de tarifas sobre automóveis, máquinas, produtos químicos e têxteis, resultando em economia de mais de € 4 bilhões por ano. Para o Mercosul, as vantagens concentram-se na ampliação das exportações agrícolas e de alimentos, com potencial de crescimento de até US$ 7,1 bilhões entre 2024 e 2040, conforme estudo do Ipea.
Além do crescimento comercial, o acordo é visto como uma oportunidade de diversificação de mercados e inserção internacional das empresas brasileiras, em um momento de incertezas na economia global. No entanto, resistências também permanecem, principalmente de setores agrícolas na França e Itália, que temem maior concorrência com produtores sul-americanos. Para mitigar essas críticas, o texto validado inclui salvaguardas automáticas para evitar distorções de mercado, como aumento de volume ou redução de preços de determinados produtos.
Reações e expectativas finais
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou o avanço nas negociações, considerando o tratado como “benéfico para todas as partes, com vantagens para consumidores e empresas”.
Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, a apresentação do texto ao Conselho Europeu representa um passo decisivo na integração bilateral. “Juntas, nossas economias serão mais fortes”, destacou Alckmin, reforçando a importância do acordo para ampliar o comércio, investimentos e empregos.
O processo de ratificação seguirá sua tramitação, com o texto sendo analisado pelos parlamentos nacionais, após o que o acordo poderá ser formalmente assinado e implementado em breve.