O tenente-coronel Mauro Cid, envolvido na delação de uma trama golpista que agitou o Brasil, aguarda, ansiosamente, a decisão do Exército sobre seu pedido de transferência para a reserva. O parecer caberá ao comandante da Força, Tomás Paiva, e deve ser avaliado por uma comissão interna até janeiro de 2026. As expectativas internas nas Forças Armadas, no entanto, apontam que Cid cumpre todos os critérios necessários para ser contemplado na famosa cota compulsória.
Entenda a situação de Mauro Cid
Desde que se tornou delator, a trajetória de Cid dentro do Exército mudou drasticamente. Ele foi auxiliador direto do ex-presidente Jair Bolsonaro e, após a sua delação, a relação com as Forças Armadas tornou-se tensa. O pedido de transferência para a reserva, embora demorado, trouxe alívio para o Exército, que vê na iniciativa uma estratégia da defesa de Cid para amenizar a resistência do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que tem se oposto à pena de dois anos proposta em acordo com a Polícia Federal (PF).
De acordo com o estatuto militar, aqueles que são sentenciados a mais de dois anos de prisão podem perder a patente e serem considerados indignos da Força. Portanto, ao passar para a reserva, Cid não somente evita um desgaste interno considerável, mas também abre espaço para que um novo coronel possa assumir posição ativa nas Forças Armadas.
Os requisitos para a cota compulsória
A cota compulsória permite a transferência de militares para a reserva remunerada, seja de maneira voluntária ou em função do não atingimento do mínimo necessário para promoções. Cid parece estar em uma situação favorável, já que atendeu a diversas exigências da elegibilidade para a baixa compulsória. Entre as condições, ele precisa ter mais de 25 anos de serviço e a conveniência da sua saída do ativo também se alinha à estratégia do Exército.
Possíveis consequências da decisão
Fontes do Exército informam que, caso seu pedido seja aceito, Cid deverá se aposentar com um patamar próximo aos 100% de seus proventos atuais, considerando seu tempo de serviço. Contudo, ele terá que deixar a residência fornecida pela instituição, localizada no Setor Militar Urbano de Brasília, onde permanece acompanhando intensamente o desenrolar dos processos judiciais envolvidos em sua delação.
Enquanto a expectativa pela decisão do comandante do Exército cresce, o cenário para Cid se complica. A concessão da baixa não o isentará de potenciais punições no Superior Tribunal Militar (STM) e a Justiça Militar não está subordinada ao Comando do Exército, portanto, ainda existe a possibilidade de sanções mais sérias para o tenente-coronel.
O legado militar de Mauro Cid
A aposentadoria antecipada de Cid pode ser vista como um triste epílogo para a carreira de um militar que, antes de se envolver em escândalos, era considerado uma promessa dentro do Exército e cotado para alcançar altos postos, como o de general, assim como seu pai, Mauro Cesar Lourena Cid. Este, por sua vez, também está implicado em investigações relacionadas às polêmicas do governo, incluindo o caso das joias sauditas que deveriam ter sido mantidas sob a custódia da presidência, mas que foram desviadas para fins pessoais.
A história de Mauro Cid é um reflexo das tensões e divisões que marcam o atual momento político e social no Brasil. Sua trajetória dentro das Forças Armadas, marcada pela ascensão rápida e a queda abrupta, pede uma atenção especial, especialmente quando se considera o impacto de suas decisões sobre a integridade e a imagem das instituições militares.
À medida que 2026 se aproxima, e com ele uma nova deliberação sobre a situação de Cid, os desdobramentos podem moldar não apenas sua vida pessoal, mas também as dinâmicas dentro do Exército e o relacionamento deste com o governo e a sociedade.