Brasil, 3 de setembro de 2025
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Desvio milionário em cestas básicas no Tocantins leva a afastamentos

Operação Fames-19 da PF revela esquema de corrupção e afasta governador e primeira-dama.

A operação da Polícia Federal (PF) que investiga um esquema de desvio de verbas na compra de cestas básicas no Tocantins culminou no afastamento do governador Wanderlei Barbosa e da primeira-dama Karynne Sotero. O caso, que remonta a transações durante a pandemia de Covid-19, levanta sérias acusações sobre corrupção e má gestão de recursos públicos, com prejuízo estimado em mais de R$ 73 milhões.

Crimes e desvios na pandemia

Na última quarta-feira (3), a PF deu início à segunda fase da Operação Fames-19, focando em investigações sobre irregularidades nas compras de cestas básicas no estado. As apurações começaram após denúncias de que Paulo César Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama, teria recebido R$ 1.359.074,12 de uma das empresas envolvidas. Segundo a PF, ele é acusado de negociar propinas em contratos com o governo estadual.

Além de Paulo César, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu afastar não apenas Wanderlei Barbosa do cargo por 180 dias, mas também a primeira-dama, que ocupa a posição de secretária extraordinária de Participações Sociais. Wanderlei classificou a ação como “medida precipitada”, enquanto Karynne se comprometeu a provar sua inocência.

Agentes envolvidos no esquema

Investigações da PF revelaram que, durante a execução do programa de distribuição de cestas básicas, Paulo César desempenhou um papel ativo em uma das empresas contratadas. Conversas recuperadas de seu celular indicam que ele intermediava negociações ligadas a propinas, revelando envolvimento significativo dos dois na gestão e operação dos contratos com o estado. O ministro Mauro Campbell, durante a decisão de afastamento, ressaltou a proximidade entre Paulo César e os altos escalões do governo, sugerindo uma conivência no esquema de corrupção.

Fraudes em licitações

Os diálogos obtidos pela PF também implicam fraudes em licitações, com evidências de que as empresas contratadas eram previamente escolhidas para receber os contratos. De acordo com os dados, essas fraudes teriam começado em 2020, continuando sob as administrações de Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa. Relatos indicam que Paulo César recebeu pagamentos de diversas empresas ligadas ao esquema, evidenciando a magnitude da corrupção.

Sequestro e lavagem de dinheiro

Entre 2020 e 2022, Paulo César não apenas recebeu uma quantia significativa, mas também realizava saques que levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou um caso em que uma empresa fez 58 depósitos para ele, totalizando R$ 521.263,81. Essas negligências financeiras indicam que o esquema era bem testado e desenvolvido, prevalecendo sobre as medidas de controle interno.

A relação com o Instituto Idegeses

O Instituto para o Desenvolvimento e Gestão Social Esportiva e Cultural (Idegeses), um dos órgãos contratados para fornecer as cestas básicas, é alvo de investigações. Segundo a PF, a empresa não entregava os produtos prometidos e usava cestas montadas por terceiros para enganar a fiscalização. O Idegeses, que era liderado pela primeira-dama até 2019, continuou a receber pagamentos do governo até meados de 2024, apesar de não cumprir com as entregas acordadas.

Notas de defesa

Em declarações publicadas, Karynne e Wanderlei afirmaram estar tomando as medidas necessárias para se defender. Karynne pediu que a verdade fosse restaurada o mais rápido possível, enquanto Wanderlei questionou a legalidade da decisão que resultou em seu afastamento, ressaltando que o pagamento das cestas investigadas ocorreu durante a gestão anterior, quando ele não tinha autoridade para ordenar despesa.

Este caso complexo reflete não apenas um escândalo de corrupção em nível estadual, mas também levanta questões sobre a responsabilidade na gestão dos recursos públicos, especialmente em momentos críticos como a pandemia. O desdobramento das investigações deve continuar sendo monitorado, à medida que novas informações e evidências surgem.

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