Na terça-feira, o juiz Amit P. Mehta, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, decidiu que o Google não precisará vender seu navegador Chrome nem o sistema operacional Android, mantendo a sua posição dominante no mercado de buscas e navegação na web. A decisão veio após um processo antitruste que questionava o monopólio do gigante na busca online e seus efeitos na concorrência.
O que a decisão significa para os usuários e o mercado de busca
Segundo a sentença, o Google será obrigado a compartilhar apenas alguns dados de busca com concorrentes, como uma lista dos sites rastreados, mas não o “funcionamento secreto” do Google.com. Isso implica que rivais como DuckDuckGo e Microsoft poderão usar esses dados limitados para aprimorar seus próprios mecanismos de pesquisa, mas não terão acesso ao núcleo do mecanismo do Google.
Embora essa medida possa proporcionar alguma melhora na concorrência, especialistas avaliam que os benefícios serão limitados. “O Google domina há anos graças ao volume de dados acumulados, e a quantidade que será compartilhada é insuficiente para gerar mudanças significativas”, afirmou Jim Jansen, cientista do Qatar Computing Research Institute.
Impactos para o funcionamento do Google nos dispositivos
Uma das maiores certezas é que o Google continuará sendo o motor de busca padrão em dispositivos como o iPhone, graças aos cerca de US$ 20 bilhões anuais pagos em royalties à Apple. A decisão não altera esse relacionamento, uma vez que o juiz permitiu a continuidade desses pagamentos, considerados essenciais para a estratégia do Google nos smartphones.
Além disso, a decisão mantém a posição predominante do Chrome no mercado, já que o juiz considerou que obrigar sua venda seria uma medida desproporcional. Assim, o navegador com tecnologia de IA, como o novo Dia, poderá evoluir e oferecer experiências mais sofisticadas, sem a ameaça de uma mudança obrigatória na estrutura do sistema.
Reações e desdobramentos
Gabriel Weinberg, CEO do DuckDuckGo, comentou que a decisão é “um nada”, pois limita-se a uma troca de dados que pouco fortalecerá a concorrência. Ainda assim, ela marca um avanço na tentativa de equilibrar o mercado de busca digital, ainda que de forma tímida.
O advogado especializado em antitruste, Jim Jansen, também destacou o desafio de gerenciar os dados compartilhados, apontando que há riscos de problemas de privacidade e complexidades administrativas, semelhantes aos enfrentados pela Microsoft na década de 1990, com seus órgãos reguladores exigindo a criação de comitês internos de conformidade.
O futuro da competição na internet
Com a decisão, o Google prossegue no controle de um mercado avaliado em bilhões de dólares, consolidando sua dominância na busca online. Ainda assim, a possibilidade de uso de IA nos navegadores e assistentes promete transformar a experiência do usuário, com novos concorrentes entrando na disputa com tecnologias capazes de desempenhar tarefas além da simples busca por informações.
Enquanto o processo judicial se desenrola, os usuários podem esperar que o impacto dessa decisão seja gradual e que os principais mecanismos de busca mantenham a relevância, mesmo com a possibilidade de melhorias na análise de dados por rivais. As mudanças mais profundas, como a venda do Chrome ou Android, foram descartadas pelo juiz, mantendo o controle do Google sobre suas principais fontes de receita digital.
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