O caso de Adriana Villela, acusada de ser a mandante do assassinato de seus próprios pais, ganhou novos desdobramentos nesta terça-feira (2). A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular a condenação de Adriana, evento que reacende um dos crimes mais chocantes e controversos da história do Distrito Federal, o denominado “Crime da 113 Sul”. O assassinato dos pais de Adriana, ocorrido em 2009, continua a envolver mistérios e questionamentos que permanecem sem respostas.
O crime que chocou Brasília
No dia 28 de agosto de 2009, José Guilherme Villela, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e sua esposa, Maria Carvalho Mendes Villela, foram brutalmente assassinados em seu apartamento na 113 Sul, um local nobre da capital. Com eles, a empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, também perdeu a vida. As circunstâncias do assassinato foram devastadoras: o ex-ministro foi morto com 38 facadas, enquanto Maria recebeu 12, e Francisca, 23. Os corpos foram encontrados em estado de decomposição três dias depois do crime, deixando uma marca indelével na sociedade.
Adriana Villela: trajetória e controvérsias
Adriana Villela, nascida em Brasília em 1964, é filha de profissionais respeitados no meio jurídico. Enquanto seu irmão, Augusto, transita na carreira de advogado, Adriana seguiu um caminho distinto como arquiteta e entusiasta de projetos sociais. Em seus relatos, ela menciona que dedicava sua vida a causas sociais e ambientais, tendo desenvolvido projetos de reciclagem e inclusão social ao longo de sua carreira.
Já no contexto familiar, Adriana enfrentou desafios significativos. Ela engravidou aos 18 anos e teve a apoio dos pais na criação da filha, Carolina. Na época do assassinato, informações indicam que Adriana recebia uma mesada significativa dos pais, uma ajuda que permitiu que ela se dedicasse a seus projetos e estudos. Contudo, essa relação aparentemente próxima foi questionada após as investigações acerca do crime.
Desdobramentos legais
Após o assassinato, Adriana Villela se tornou a principal suspeita. As investigações revelaram que havia desavenças financeiras entre ela e seus pais. Mensagens trocadas indicavam um temperamento agressivo da arquiteta em relação aos pedidos de dinheiro feitos a seus pais. Apesar de ser presa em duas ocasiões durante as investigações, até então, Adriana sempre alegou sua inocência.
O pedido recente de anulação da condenação, aceito pelo STJ, foi fundamentado na alegação de cerceamento da defesa, uma vez que parte dos testemunhos não havia sido apresentada até o dia do julgamento. Com a anulação, novos passos na justiça se fazem necessários, e Adriana terá de ser novamente julgada, mas as provas e depoimentos colhidos até aqui foram desconsiderados.
Um novo começo?
Atualmente, Adriana está com 61 anos e se afastou de Brasília, vivendo em uma cidade no interior da Bahia, onde se dedica a projetos sociais. Seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, confirmou sua mudança e a busca de Adriana por uma vida normal, longe das memórias do crime que assombrou sua família.
A memória do Crime da 113 Sul ainda é muito viva entre os brasilienses e provoca discussões sobre a natureza da justiça e do perdão, bem como as conexões familiares que podem ser quebradas de forma irrevogável em situações de tragédia. As repercussões desse caso continuam a se desdobrar, refletindo as complexidades de uma sociedade que busca respostas para crimes que envolvem, além de dor, questões familiares, sociais e legais.
À medida que os novos desenvolvimentos legais ocorrem, o futuro de Adriana Villela e o desfecho definitivo do “Crime da 113 Sul” permanecem em aberto. A sociedade aguarda com expectativa os próximos passos da Justiça.
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