A quantidade de energia gerada pelas usinas solares e eólicas caiu 26,4% em agosto, conforme cálculo do Itaú BBA com base em dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O fenômeno, conhecido como curtailment, ocorreu especialmente durante o Dia dos Pais, em 10 de agosto, e evidenciou o impacto das condições climáticas na matriz energética brasileira.
Incremento dos cortes e explicação do curtailment
Segundo o relatório do Itaú, as interrupções na geração aumentaram 85% em relação ao mesmo período do ano passado, saindo de 20% em julho para 26,4% em agosto. As usinas solares foram as mais afetadas, com uma redução de 37,9%, enquanto as fontes eólicas tiveram uma diminuição de 23,4% na produção.
O fenômeno tem nome em inglês: curtailment. Isso ocorre porque, a cada instante, o Operador Nacional do Sistema Elétrico precisa equilibrar a oferta e a demanda de energia, suspendendo parcialmente a produção em fontes específicas para evitar excesso de oferta, especialmente quando há altos índices de sol e vento.
Desafios na transmissão e impacto na operação
Outro fator que contribui para os cortes é a falta de linhas de transmissão de energia, dificultando o escoamento da produção excedente. Durante o pico de geração em agosto, em um domingo de alta incidência solar e eólica, o setor passou por estresse operacional. Entre 11h e 14h, os cortes de energia renovável chegaram a 93%, com redução de 98,5% na produção de fontes centralizadas.
Esse excesso de geração, particularmente na tarde de 10 de agosto, levou o setor a um ponto de quase colapso momentâneo, como mostrou reportagem do GLOBO. O período mais crítico foi entre 13h e 13h30, quando o ONS precisou ajustar sua operação para evitar um incidente mais grave.
Consequências e perspectivas futuras
O aumento nos cortes de energia renovável prejudica empresas que investiram na expansão dessas fontes, tornando-se uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo setor elétrico. Segundo o relatório do ONS, a redução na produção impactou o planejamento de geração de hidrelétricas e termelétricas, além de limitar o potencial de energia tanto de usinas solares quanto eólicas.
A situação evidencia a necessidade de ampliar a capacidade de transmissão e investir em tecnologias que promovam maior flexibilidade na matriz energética brasileira, para evitar novos episódios de curtailment e assegurar maior aproveitamento da energia limpa.
Para mais detalhes, consulte o relatório do ONS.