Marcos Antonio Matos, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), defendeu o café brasileiro em audiência pública em Washington nesta quarta-feira (3). Ele afirmou que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, como o café, pode elevar os preços para os consumidores americanos e contribuir para a inflação no país.
Investigações por práticas comerciais desleais
Durante a reunião no Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), Matos destacou que a investigação aberta pelo governo americano, sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, busca apurar supostas práticas desleais do Brasil no comércio internacional. Essa legislação permite ao governo dos EUA impor sanções unilaterais, como tarifas adicionais, caso sejam identificadas irregularidades.
Impacto do café na economia dos EUA e no Brasil
Segundo dados da National Coffee Association (NCA), mais de 70% da população dos EUA consome café, gerando um impacto econômico anual de US$ 343 bilhões, o equivalente a 1,2% do PIB americano. Matos reforçou que o Brasil responde por mais de 30% do mercado de café dos EUA, enquanto a produção interna responde por menos de 0,3% da demanda.
“A cadeia produtiva do café brasileiro é organizada, eficiente e transparente, seguindo a legislação socioambiental e garantindo o abastecimento sustentável para os Estados Unidos”, afirmou o dirigente. Ele também ressaltou que a indústria de café nos EUA sustenta mais de 2,2 milhões de empregos e gera salários anuais superiores a US$ 101 bilhões.
Resposta do Brasil às acusações dos EUA
O Brasil nega práticas desleais de comércio e afirma que suas ações no mercado internacional seguem normas legítimas e reconhecidas globalmente. O país também destaca sua competitividade com fundamentos sólidos e sustentáveis na produção agrícola.
Perspectivas e possíveis impactos
Se a Seção 301 resultar em sanções mais severas, o efeito poderá ser o aumento dos preços do café nos EUA, além de possíveis repercussões para outros setores brasileiros de exportação. As discussões continuam em meio à tensão comercial entre os dois países, com impacto direto nas cadeias produtivas e na economia brasileira.