O ex-presidente Donald Trump enfrentou forte reação de seus apoiadores nesta semana após anunciar planos de liberar a entrada de 600 mil estudantes chineses nos Estados Unidos. A medida, anunciada na segunda-feira, ocorre em meio a negociações comerciais com Pequim e contrasta com suas ações anteriores de restrição a estudantes do país asiático.
Reversão de posições e controvérsia
Trump afirmou que, apesar das tensões, “é muito importante” permitir que os estudantes chineses ingressem nos EUA, reforçando que “vamos nos entender com a China”. Em maio, o secretário de Estado à época, Marco Rubio, anunciou a revogação de vistos para chineses ligados ao Partido Comunista ou estudando áreas críticas, sob a lógica de priorizar o “America First”.
“Se não permitir esses estudantes, nossas universidades perderiam o topo, e as instituições mais ruins não sobreviveriam”, justificou Trump em entrevista à imprensa na Casa Branca. A mudança ocorre após sua administração aplicar altas tarifas comerciais e reforçar deportações de estrangeiros, numa tentativa de conter o que chama de práticas comerciais injustas de Pequim.
Reações do movimento MAGA e críticas internas
A decisão de Trump de abrir as portas para os estudantes chineses foi duramente criticada por figuras do movimento MAGA. A representante Marjorie Taylor Greene (R-Ga.) questionou no X (antigo Twitter): “Como colocar 600 mil estudantes da China no país, sendo eles possivelmente leais ao PCC, é colocar os americanos em primeiro lugar?”
Outros setores conservadores também manifestaram repúdio. A ativista Laura Loomer chamou os estudantes chineses de “espécies de spies comunistas” e associou a medida à teoria de que a China teria lançado o coronavírus intencionalmente, alimentando discursos xenofóbicos e aumentando tensões raciais contra asiático-americanos.
Defesas e justificativas
Na defesa da sua política, o especialista Howard Lutnick, do setor privado, destacou que a decisão reflete um “ponto de vista econômico racional”, afirmando que os estudantes chineses são essenciais para universidades de alto nível e que, ao saírem, darão lugar aos estudantes americanos nas instituições top.
“Se não aceitarmos esses estudantes, as universidades americanas perderiam o seu destaque, e as instituições menos prestigiadas poderiam fechar”, afirmou Lutnick em entrevista à Fox News. Apesar da controvérsia, a medida sinaliza uma mudança na narrativa de Trump sobre as relações com Pequim, que anteriormente focava na restrição de entrada de chineses.
Repercussões e futuro
A expansão da política de imigração de Trump, agora com abertura aos estudantes chineses, deve provocar debates intensos nos próximos meses. Lideranças do movimento conservador acusam a decisão de trair o princípio do “America First” e veem a estratégia como uma “hipocrisia” aparente na atitude de Trump.
O silêncio oficial do governo dos EUA sobre o tema mantém o foco na polarização, enquanto analistas políticos avaliam que essa mudança poderá influenciar as próximas eleições, com os apoiadores do ex-presidente divididos entre a ameaça percebida à segurança nacional e as possíveis vantagens econômicas de uma abordagem mais conciliatória com Pequim.