O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, solicitou a sua baixa das Forças Armadas em meio a um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O anúncio foi feito pelo seu advogado, Jair Alves Pereira, que argumentou que Cid “não tem mais condições psicológicas” para continuar no Exército, especialmente após ter se tornado delator no processo em questão.
A defesa de Mauro Cid e seus argumentos
Durante a audiência, o advogado de Cid defendeu a legitimidade da delação premiada de seu cliente, individualizando os benefícios que deveriam ser concedidos a ele. “Se ele dá sustentação e dinâmica dos fatos, e dá, por que ele não teria os benefícios que ele ajustou?”, questionou Pereira, ressaltando que Cid já estava afastado de suas funções por mais de dois anos em decorrência de medidas cautelares. Além disso, o advogado destacou que, com o pedido de baixa, Cid formalizava sua saída das Forças Armadas.
Implicações da delação e críticas da PGR
A Procuradoria-Geral da República (PGR) colocou em dúvida a validade dos depoimentos de Cid, alegando que houve omissões durante o processo. Isso levou a questionamentos sobre os benefícios que ele poderia receber e se estes seriam justificados, dado o contexto em que foram tomados. O advogado de Cid argumentou que o Estado deveria honrar o acordo, visto que seu cliente já havia cooperado com a investigação.
Consequências para a carreira militar
A carreira de Mauro Cid sofreu um congelamento durante o processo judicial no STF, o que lhe impediu de ser promovido e retirou seu nome da lista para promoções por antiguidade ou merecimento. A situação gerou uma série de limitações: Cid não poderia ser transferido para novas localidades, realizar cursos, assumir missões no exterior ou exercer cargos de comando. Normalmente, militares em situações semelhantes podem continuar suas atividades, mas Cid permanece afastado devido a uma decisão judicial.
A turma da Academia Militar das Agulhas Negras
Cid é membro da turma de 2000 da Academia Militar das Agulhas Negras, que no ano passado teve direito à promoção a coronel. Mesmo assim, sua progressão na carreira foi barrada pelo atual comando do Exército, refletindo a situação tensa e crítica em que Cid se encontra. O pedido de baixa do Exército, portanto, representa não apenas um afastamento das Forças Armadas, mas também um ponto de inflexão na sua carreira e na exposição das fragilidades do sistema militar em relação a questões políticas.
O desfecho desse caso poderá influenciar fortemente a percepção pública sobre a atuação de membros das Forças Armadas no contexto político brasileiro, especialmente em tempos de instabilidade democrática. As próximas etapas do julgamento e a análise das delações prometem continuar a revelar detalhes sobre a trama política em curso e suas repercussões no Brasil.