A recente audiência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, realizada na terça-feira (2/9), gerou um intenso debate nas redes sociais, conforme apontado pelo monitoramento realizado pela Quaest. A hashtag #BolsonaroFree, defendendo a liberdade do ex-presidente, foi a que alcançou maior repercussão negativa, representando 64% das menções sobre o julgamento.
Debate acirrado nas redes sociais
O levantamento da Quaest revelou que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) teve a postagem com o maior alcance na rede social X, acumulando mais de 2,2 milhões de visualizações. Em sua publicação, Damares afirmou que existem fraudes no processo e solicitou a suspensão do julgamento, intensificando a defesa do ex-presidente entre seus apoiadores.
Além disso, uma postagem feita pelo Metrópoles no Instagram, que apresentou um sentimento neutro, ficou em terceiro lugar em termos de alcance, com 214.768 visualizações. Na mesma plataforma, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) alcançou 920.972 visualizações em uma de suas postagens, que também se opunham ao julgamento.
Proporção de menções positivas e negativas
A análise mostrou que apenas 19% dos comentários nas redes sociais eram de apoio ao julgamento de Bolsonaro. Essa quantidade reduzida é atribuída por especialistas ao que o instituto Quaest classifica como uma falta de coordenação nas mobilizações em defesa do ex-presidente. Enquanto as manifestações a favor da liberdade do ex-presidente estão centralizadas em torno da hashtag #BolsonaroFree, os posts que apoiam o julgamento aparecem de forma dispersa, com hashtags como #Bolsonarocondenado, “soberania é justiça” e “BolsonaroNaCadeia” sendo as mais mencionadas.
O monitoramento também destacou que houve um pico nas buscas no Google relacionadas ao julgamento, principalmente direcionadas a pessoas que queriam assistir à sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). Até as 16h30 do mesmo dia, as menções sobre a possibilidade de prisão domiciliar de Bolsonaro foram contabilizadas em cerca de 746 mil registros. Apesar desse número significativo, as discussões em torno do tema ficaram atrás de outros eventos, como a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro, que acumulou 72 mil menções em 18 de julho, e a sua prisão domiciliar em 4 de agosto, que teve 51 mil registros.
O julgamento e seus desdobramentos
O julgamento que teve início na terça-feira se refere a uma suposta trama golpista iniciada em 2022. Essa sessão é considerada crucial, uma vez que a Primeira Turma do STF avalia a situação de Bolsonaro e de outros sete réus. Além do ex-presidente, o chamado núcleo crucial do processo é formado por figuras de grande destaque: o deputado federal Alexandre Ramagem, o almirante Almir Garnier Santos, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general Augusto Heleno, o tenente-coronel Mauro Cid, o general Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que já ocupou a Casa Civil.
A possibilidade de condenação desses indivíduos levanta uma série de questões sobre o futuro político do Brasil e os impactos que as decisões do STF poderão ter sobre a democracia e a estabilidade do país. Enquanto as opiniões nas redes sociais refletem uma polarização evidente, o que está em jogo é muito além de uma simples disputa eleitoral; trata-se de um momento crucial na história política recente do Brasil.
O monitoramento da Quaest sugere que as organizações que apoiam Bolsonaro têm um trabalho significativo pela frente para conseguir articular um discurso coeso e mobilizar seus apoiadores. A resposta do público e a evolução deste julgamento nas redes sociais continuarão a ser um importante barômetro da opinião pública nas próximas semanas.