O entorno do Supremo Tribunal Federal (STF) amanheceu com um rigoroso esquema de segurança nesta terça-feira, 2 de setembro, data que marca o início do julgamento relacionado à suposta tentativa de golpe atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a mais sete réus. Estas ações, segundo as investigações, tinham como objetivo anular as eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder.
Protocolos de segurança e monitoramento
Logo pela manhã, agentes da polícia judicial realizaram varreduras na área de acesso ao STF, utilizando cães para garantir que não houvesse nenhuma ameaça nas imediações. A proibição de aglomerações e manifestações nas proximidades do tribunal foi estabelecida com o intuito de prevenir qualquer distúrbio durante o julgamento.
Implementação de medidas preventivas
- A partir de segunda-feira, 1º de setembro, uma Célula Presencial Integrada de Inteligência começou a operar. Esta estrutura, instalada na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal, reúne órgãos de segurança de diferentes esferas para monitorar a movimentação de pessoas em Brasília e nas redes sociais. O principal objetivo é lançar ações preventivas em caso de necessidade.
- Os policiais realizarão monitoramento constante na Praça dos Três Poderes e nas principais vias de acesso ao Supremo, incluindo abordagens e revistas em mochilas e bolsas. A maior preocupação é com ações solitárias de apoiadores do ex-presidente que possam ocorrer durante o julgamento. Além disso, drones equipados com tecnologia de imagem térmica serão utilizados para varreduras, tanto durante o dia quanto à noite.
- Embora manifestações sejam proibidas, a expectativa é de que a rotina do centro de Brasília seja impactada. Mais de três mil pessoas se inscreveram para acompanhar o julgamento presencialmente, com vagas limitadas. Além disso, a presença de mais de 501 profissionais de imprensa, tanto nacionais quanto internacionais, foi credenciada para cobrir o evento.
- Um efetivo extra da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) permanecerá de prontidão até pelo menos 12 de setembro, data prevista para a conclusão do julgamento, conforme cronograma definido pelo Supremo Tribunal Federal.
O contexto do julgamento
O principal réu do caso é Jair Bolsonaro, que, segundo informações, não comparecerá ao julgamento. O advogado do ex-presidente, Celso Villardi, confirmou à coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, que Bolsonaro optou por não estar presente. Além dele, outros sete réus, entre militares e civis, também terão o direito de acompanhar o processo. Esses acusados são ex-assessores próximos de Bolsonaro e enfrentam sérias acusações de tentativas de rompimento da ordem democrática brasileira.
Acusações e possíveis consequências
Os réus são alvos de várias acusações, que incluem a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, danos qualificados e violação de patrimônio tombado. Os nomes envolvidos no caso são Alexandre Ramagem, almirante Almir Guarnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
Este julgamento acontece em um momento de grande tensão política e social no Brasil, refletindo as divisões acentuadas que persistem no país após o conturbado processo eleitoral de 2022. As medidas de segurança implementadas visam não apenas proteger os envolvidos, mas também garantir a ordem pública diante de um evento de tamanha relevância na história política recente do país.
Com o STF sendo o centro das atenções, o desfecho deste julgamento poderá impactar diretamente o futuro político de Jair Bolsonaro e os desdobramentos de sua autorização, bem como a percepção pública sobre a integridade das instituições democráticas brasileiras.