Brasil, 2 de setembro de 2025
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Por que Modi não pode cortar laços com Trump

Análise dos desafios de Narendra Modi em equilibrar alianças internacionais frente às pressões dos EUA e interesses econômicos

Nenhum outro líder mundial enfrenta uma equação tão complexa quanto o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Na sua recente participação na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), realizada em Tianjin, a China, os sinais de uma possível mudança de alinhamento geopolítico foram interpretados por alguns como uma aproximação com a Rússia e a China, em oposição aos Estados Unidos. No entanto, a realidade económica e política indica que Modi não consegue se afastar demasiado de Washington.

Razões econômicas e políticas que impedem uma ruptura com os EUA

Embora a relação de Modi com Donald Trump tenha sido marcada por episódios de tensão, como a imposição de tarifas de até 50% às exportações indianas, o governo de Nova Délhi entende que sua dependência econômica dos Estados Unidos é vital. Segundo fontes próximas ao governo indiano, Trump buscava visibilidade internacional com ações como as tarifas, além de tentar cooptar Modi ao fazer de sua figura uma peça na eleição presidencial americana.

Modi resistiu às pressões por gratidão, recusando-se a emitir agradecimentos públicos ou apoiar as iniciativas tarifárias de Trump. Essa postura, contudo, não significa que o líder indiano esteja disposto a romper vínculos estratégicos com Washington, especialmente no contexto de uma economia que busca se integrar ao mercado global e manter investimentos de empresas americanas.

Contexto geopolítico: China, Rússia e o equilíbrio delicado

A participação de Modi na cúpula do SCO, ao lado de Xi Jinping e Vladimir Putin, foi interpretada por analistas como uma tentativa de fortalecer a sua posição na geopolítica mundial. Ainda assim, essa aproximação não é equivalente a uma mudança de lado definitiva. Modi tem uma relação de desconfiança com Xi Jinping, especialmente devido às questões fronteiriças e à presença chinesa no Paquistão, aliado de Delhi.

O deslocamento para Tianjin também foi motivado pelo desejo de evitar encontros com líderes considerados aliados de Islamabad, como Shehbaz Sharif e Recep Tayyip Erdogan. A presença de Modi na mesa com autocratas e figuras controversas reforça a tentativa de Xi Jinping de consolidar uma liderança regional, mas não representa uma ruptura com o Ocidente ou uma tendência de se aliar a adversários tradicionais dos EUA.

Implicações futuras e influência na política mundial

Apesar das imagens de Modi com líderes autocratas e a aposta de Xi na China como uma potência global, a realidade econômica mostra que a Índia depende dos Estados Unidos para seu desenvolvimento. Segundo especialistas, Modi precisa administrar essa dependência enquanto tenta equilibrar interesses regionais e nacionais.

O desafio de Modi será manter a credibilidade internacional sem abrir mão de benefícios estratégicos que os EUA oferecem, incluindo investimentos, tecnologia e acesso a mercados essenciais. Como afirmou analista renomado, “Modi não pode cortar os laços com Washington sem prejudicar sua própria estabilidade econômica e a projeção internacional da Índia”.

Perspectivas e próximos passos

O governo indiano deve continuar uma política de equilíbrio, fortalecendo parcerias regionais sem se desinteressar pelos laços com Washington. A atenção de Nova Délhi está voltada para a manutenção do crescimento econômico, ao mesmo tempo em que evita se tornar refém de antagonismos geopolíticos. Assim, Modi mantém uma estratégia de sobrevivência diplomática, tentando tirar proveito de múltiplas alianças sem se comprometer irreversivelmente.

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