O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do segundo trimestre de 2025 será divulgado nesta terça-feira (2/9). As previsões do mercado financeiro, do Ministério da Fazenda e do Banco Central apontam para uma desaceleração da atividade econômica em comparação ao período anterior, principalmente por causa do desempenho da agropecuária e do atual ciclo de alta dos juros.
Desaceleração do PIB no 2º trimestre é esperada
Segundo o Produto Interno Bruto do segundo trimestre de 2025, as projeções indicam uma tendência de crescimento mais moderado, com expectativa de expansão de apenas 0,6%, conforme o Boletim Macrofiscal divulgado pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda.
Fatores que influenciam a desaceleração
Especialistas apontam que o atual patamar da taxa de juros, que está em 15% ao ano — o mais elevado em quase duas décadas —, está impactando o consumo e os investimentos no país. André Valério, economista do Banco Inter, destaca que essa política monetária restritiva sinaliza uma possível queda na atividade econômica ao longo do ano.
Concomitantemente, a safra brasileira, que concentrou sua maior produção no primeiro trimestre, deve provocar uma retração no PIB agropecuário. Segundo análises, o desempenho do setor agrícola, que respondeu por aproximadamente 6,5% do PIB, deve apresentar recuo na comparação do segundo trimestre com o anterior.
Impactos do cenário atual na economia
A movimentação no mercado de trabalho tem se mostrado resiliente, com a taxa de desemprego em 5,8%, a menor da história. No entanto, especialistas como André Valério alertam que esse segmento é o último a sentir os efeitos do aumento dos juros.
“Nos últimos meses, há sinais de que a atividade econômica esteja perdendo força na margem, com bancos menos dispostos a conceder empréstimos e aumento na inadimplência”, explica Valério.
Repercussões na arrecadação e no cenário político
A professora Cristina Helena Pinto de Mello, da PUC-SP, ressalta que a desaceleração do PIB no segundo trimestre afetará as previsões de arrecadação do governo federal e poderá influenciar o cenário político e eleitoral de 2026. Ela destaca que o impacto das tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, implementadas em agosto, contribui para esse quadro de retração.
“Houve uma mudança na confiança de empresários e consumidores, o que impacta diretamente na expansão econômica”, afirma Cristina Mello. Segundo estudos da FIEMG, o prejuízo de curto prazo por conta do tarifaço de Donald Trump pode chegar a R$ 25 bilhões, com efeitos a longo prazo estimados em R$ 110 bilhões.
Projeções para o crescimento do PIB em 2025
Apesar do cenário de desaceleração, as instituições continuam otimistas quanto ao desempenho anual. A previsão do Relatório Focus do Banco Central subiu de 2,18% para 2,19%, enquanto o Ipea projeta crescimento de 2,4%, e a própria Fazenda estima uma expansão de até 2,5%.
Para o segundo trimestre, a expectativa é de crescimento de apenas 0,6%, com tendência de desaceleração na agropecuária e melhorias na indústria e nos serviços, que poderão contribuir para esse arrefecimento.
Analistas reforçam que a continuidade do aumento dos juros e o ciclo de safra brasileira influenciam a expectativa de desaceleração, reforçando a necessidade de monitoramento constante do cenário econômico.
Fonte: Metropoles