O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação ao primeiro, sinalizando uma forte desaceleração na economia, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (2). Apesar de o crescimento ter sido abaixo do previsto, o resultado confirma a tendência de retomada gradual após o avanço de 1,3% no trimestre anterior.
Crescimento impulsionado por serviços e indústria
O setor de serviços foi uma das principais fontes de impulso, com alta de 0,6%, seguido pela indústria, que cresceu 0,5%. A agropecuária, por sua vez, registrou uma queda de 0,1% em relação ao primeiro trimestre, embora tenha apresentado uma alta de 10,1% na comparação anual. Segundo o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, o número veio um pouco melhor do que a estimativa dele, que era 0,3%, mas a narrativa da economia não mudou.
“Estamos começando um processo de desaceleração econômica, com menor contribuição do setor agropecuário e uma desaceleração na absorção doméstica, marcada por redução de gastos públicos, consumo e investimentos, além do efeito do aperto de crédito”, explica Padovani. Ele aponta que a ajuda menor da agropecuária e a diminuição dos gastos internos mostram o início de um ciclo de desaceleração.
Exportações e consumo das famílias mantêm ritmo
As exportações avançaram 0,7% no segundo trimestre, impulsionadas pela desaceleração da sobretaxa imposta pelo governo americano, que elevou para 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros, a partir de julho. O aumento do consumo das famílias, de 0,5%, também contribuiu para o crescimento, indicando continuidade na manutenção da renda.
O economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners, destacou que a indústria extrativa foi a grande surpresa do período, com crescimento de 5,4%, resultado do aumento na produção de plataformas da Petrobras e na mineração. Segundo Leal, embora o setor de transformação tenha recuado, o crescimento da extrativa chamou atenção e deve influenciar os trimestres seguintes.
Investimentos e perspectivas futuras
Apesar da queda de 2,2% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no trimestre, o investimento teve uma alta de 4,4% na comparação anual, mostrando que empresários continuam aplicando em máquinas e modernização, mesmo com juros elevados e incertezas. Segundo Claudio Considera, da FGV Ibre, essa continuidade nos investimentos é fundamental para sustentar o crescimento sem pressionar a inflação.
“Ainda que o setor de investimentos tenha mostrado sinais de redução nos próximos trimestres, o dinamismo de 2024 indica uma economia que mantém o ritmo, mesmo com os efeitos do tarifaço de Trump e o aumento dos juros iniciado em setembro do ano passado”, afirma Considera.
Impactos esperados e projeções
Segundo o Boletim Focus, a expectativa é de que a economia continue crescendo, embora em ritmo moderado. A expectativa geral é de que a desaceleração seja mais forte nos próximos trimestres devido ao impacto da política internacional e dos juros altos. Assim, a previsão atual é de crescimento anual em torno de 2,2% para o restante do ano.
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