O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta terça-feira (2) o julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo a trama golpista, que tem como réus Jair Bolsonaro, adversário político de Lula, e sete ex-auxiliares ou aliados do ex-presidente. Lula afirmou que acredita na justiça baseada nos autos do processo e reforçou a importância do direito à defesa, alegando que, quando foi réu na Lava Jato, não pôde se defender plenamente.
Defesa da presunção de inocência no julgamento da trama golpista
Durante a fala em São Paulo, onde participou do velório do jornalista Mino Carta, Lula declarou que sua expectativa é que o tribunal julgue com base nos autos, provas, delações e que respeite o direito à presunção de inocência. “Tem processo, têm autos, têm delação, têm provas e que a pessoa que está sendo acusada tem direito a presunção de inocência”, afirmou, acrescentando que, ao contrário do que aconteceu com ele na Lava Jato, os réus podem se defender livremente.
O presidente reforçou que acredita na justiça e no direito que todos devem ter, inclusive seus adversários políticos. “Se é inocente, prove que é inocente. Prove que é inocente, que não tem nada a ver com isso e está de bom tamanho. O que espero é isso. Que seja feita justiça, respeitando o direito da presunção de inocência. Desejo para mim e para qualquer inimigo meu o direito de presunção de inocência, para que fiquem sabendo a verdade”, declarou Lula.
Questões diplomáticas e relação com os EUA
Questionado a respeito das acusações dos Estados Unidos envolvendo o Brasil e o ministro Alexandre de Moraes do STF, Lula reafirmou que o país mantém uma relação de amizade de 200 anos com o país norte-americano. Ele afirmou que o governo americano, sob a liderança de Donald Trump, não foi eleito para ser imperador do mundo e que o Brasil recorrerá aos mecanismos legais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), para defender seus interesses. “Vamos utilizar todos os mecanismos legais”, afirmou.
Sobre Trump, Lula disse ainda que mantém o interesse de fortalecer a relação diplomática com os EUA e que espera que, eventualmente, “ele perceba que tem que negociar” com o Brasil, China, Índia e Venezuela. “Ele [Trump] tem direito de criar taxas, mas há regras e iremos recorrer às regras”, completou o presidente.
Contexto político internacional
O relacionamento entre Trump e o governo brasileiro ficou marcado por tensões após articulações de Bolsonaro nos EUA, incluindo divulgação de cartas em que Trump pediu o fim de processos contra Bolsonaro e criticou investigações relacionadas ao ex-presidente. Além disso, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, enquanto também enviou uma carta ao Lula endereçando suas opiniões sobre o processo contra Bolsonaro e o futuro do relacionamento bilateral.