Brasil, 2 de setembro de 2025
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Julgar a trama golpista: defesa de Mauro Cid nega coação

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid afirma que não houve coação em sua delação premiada durante julgamento da tentativa de golpe.

A atual sessão de julgamento da trama golpista, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, ganhou destaque nesta terça-feira (2) com a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A defesa sustenta a validade do acordo de delação premiada e nega qualquer ato de coação por parte da Polícia Federal. O caso levanta questões cruciais sobre a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023

O papel da defesa de Mauro Cid no julgamento

Durante a fase de sustentações orais, que permite aos advogados até uma hora para argumentar em favor de seus clientes, o advogado Jair Alves Pereira afirmou que a delação de Cid é legítima e não resultou de pressão ou coerção. Ele disse: “Eu posso não concordar com o relatório, com o indiciamento do delegado e, de fato, não concordo. Agora, nem por isso eu posso dizer que ele coagiu o meu cliente ou que ele cometeu uma ilegalidade.”

A defesa argumenta que as alegações de coação feitas pelos advogados de Bolsonaro e do general Braga Netto são infundadas. Eles questionam a voluntariedade da delação, sugerindo que ela foi obtida sob pressão da Polícia Federal, o que, segundo a defesa de Cid, não é verdadeiro.

Delação premiada e suas implicações

Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada, responde a cinco crimes, incluindo organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado. A soma das penas para essas acusações pode chegar a 43 anos de prisão. A importância desta delação está em sua capacidade de fornecer informações sobre os eventos que levaram às invasões dos prédios dos Três Poderes, ocorridas em 8 de janeiro de 2023.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) participou ativamente do julgamento, solicitando ao Supremo que Cid seja condenado. O procurador-geral Paulo Gonet criticou a “seletividade” da colaboração, afirmando que a delação não exime Cid de responsabilidade. Gonet destacou que a tentativa de golpe não requer a assinatura do presidente para ser considerada um crime, e que as articulações antidemocráticas são inaceitáveis mesmo sem um plano formalizado.

Críticas e defesas em torno do plano golpista

O ponto central em discussão é a alegação de que houve um complô para reverter o resultado da eleição, com o intuito de manter Jair Bolsonaro no poder. Apesar de os réus negarem qualquer participação em atos golpistas, a PGR argumenta que houve uma confluência de ações que configuram crime. Gonet especificou que documentos encontrados durante as investigações sugerem medidas constitutivamente inaceitáveis.

Logo no início da sessão, Alexandre de Moraes, um dos ministros responsáveis pelo julgamento, fez uma crítica contundente ao que chamou de “lamentável” tentativa de golpe de Estado no Brasil. Ele enfatizou a importância da Justiça e a necessidade de erradicar qualquer espírito autoritário que comprometa a democracia.

Próximos passos e o que está em jogo

Após a defesa de Mauro Cid, outros acusados terão a oportunidade de se defender. O julgamento, que está programado para se estender por cinco dias, é histórico e pode resultar na primeira condenação de militares por crimes contra a democracia. O caso é um marco importante para a Justiça brasileira, refletindo o compromisso com o Estado de Direito.

As próximas sessões vão abordar detalhadamente as alegações e contrapartidas expostas por cada defesa. A expectativa é alta, tanto na esfera política quanto na sociedade civil, que acompanha atentamente os desdobramentos deste processo.

Com o avanço do julgamento, o Brasil observa o desenrolar de um caso que pode redefinir a narrativa política dos últimos anos e trazer à tona discussões sobre direitos, responsabilização e o futuro da democracia no país.

Os resultados deste julgamento poderão moldar as relações entre cidadãos, instituições políticas e as Forças Armadas, servindo como um alerta sobre os limites do poder e a proteção das instituições democráticas.

Informações adicionais sobre o julgamento

As audiências estão agendadas para os dias 2, 3, 9 e 12 de setembro, e se espera que o julgamento se desenrole com ampla cobertura midiática e forte repercussão social. O enquadramento legal e as repercussões políticas estão entre os principais pontos a serem analisados.

Essa situação reforça a vigilância contínua sobre as ações dos governantes e suas consequências, essenciais para o fortalecimento da democracia no Brasil.

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