O esforço para impedir que membros do Congresso negociem ações individuais está se encaminhando para uma decisão decisiva nesta temporada, diante de uma pressão pública crescente e projetos de lei em tramitação. A questão central é se políticos, que frequentemente têm acesso a informações privilegiadas, devem participar dos mercados financeiros de forma direta.
Projetos e avanços na regulamentação das negociações
Nos Estados Unidos, um projeto bipartidário no Senado, liderado pelos senadores Josh Hawley (Missouri) e Gary Peters (Michigan), que veta a negociação de ações por congressistas e seus familiares, já passou pela Comissão de Segurança Interna e Assuntos Governamentais. Na Câmara, representantes como Chip Roy (Texas) e Seth Magaziner (Rhode Island) buscam a votação de uma proposta que exige a alienação total de ativos ou sua transferência para um trust cego, administrado por terceiros.
Popularidade e resistência política
O projeto na Câmara possui atualmente 93 co-s agrupadores, incluindo 77 democratas e 17 republicanos, sendo o mais apoiado já apresentado no Congresso. Analistas acreditam que há uma possibilidade de aprovação suficiente para enviar a proposta ao presidente Donald Trump, que já demonstrou interesse em sancioná-la. Contudo, líderes têm relutado devido a riscos políticos e resistência interna.
Florida Rep. Anna Paulina Luna afirmou à TIME que, caso a liderança não coloque a proposta em votação, ela poderá mobilizar uma assinatura para obrigar uma votação aberta, usando um processo conhecido como “discharge petition”.
Desafios e perspectivas
O presidente da Câmara, Mike Johnson, expressou apoio à ideia de uma proibição, mas evitou comentar propostas específicas. “Se houver apoio sólido, colocarei em votação”, afirmou. Ainda assim, ressaltou que uma medida assim pode desencorajar candidatos de alta qualificação de entrarem na política, por restringir atividades financeiras.
Se o debate avançar, os legisladores enfrentarão uma votação que pode definir a integridade do Congresso e sua relação com o público. A iniciativa combina questões de ética, confiança pública e liberdade financeira, tocando um tema sensível e de amplo consenso popular, com 86% dos americanos apoiando uma proibição, segundo pesquisa da Universidade de Maryland.
Pressão interna e externa se intensifica
Investigações recentes revelaram que membros do Congresso negociaram ações de empresas relacionadas às suas atividades parlamentares, muitas vezes com acesso a informações privilegiadas. Além disso, plataformas online monitoram os lucros obtidos por representantes e familiares, motivando o aumento da pressão por mudanças.
Com o retorno das sessões após o recesso de agosto, alguns membros, liderados por Luna, querem forçar uma votação direta. “Se o líder Johnson não agir, farei a petição de descarte, buscando uma votação na Câmara”, declarou Luna à TIME.
Futuro incerto, mas com sinais de mudança
Enquanto o cenário permanece incerto, especialistas consideram que esta é uma oportunidade ímpar para uma reforma que pode reforçar a confiança no Congresso e limitar conflitos de interesse. Caso não avance, críticos alertam que a chance de uma mudança significativa partir do próprio Legislativo será perdida há mais de uma década.