No último dia 2, a Praça Paris, localizada na Glória, Rio de Janeiro, foi palco de uma audiência pública que discutiu a permissão para ensaios de blocos de carnaval no local. A reunião, promovida pela Comissão Especial do Carnaval da Câmara Municipal, ocorreu em um clima de tensão após a subprefeitura do Centro anunciar a proibição dos ensaios, medida que foi rapidamente publicada e posteriormente apagada, criando um mal-entendido entre os artistas e a administração municipal.
Mal-entendido ou falta de comunicação?
Alberto Szafran, subprefeito do Centro, disse ao portal G1 que a confusão foi resultado de uma interpretação equivocada por parte de funcionários, que inicialmente entenderam que a praça deveria ser fechada às 17h para evitar os ensaios de bandas de carnaval. O debate contou com a presença de moradores, representantes dos blocos e da Guarda Municipal, mas surpreendentemente, nenhum membro da subprefeitura compareceu ao encontro.
Após a audiência, 19 blocos de carnaval assinaram uma carta manifesto solicitando a permanência dos ensaios na Praça Paris até às 22h e criticando a falta de diálogo da prefeitura sobre a questão. “Há mais de dez anos, a ocupação artística da praça transformou um local ermo e inseguro em um espaço vivo”, afirma o documento, ressaltando a importância do espaço como um símbolo de convivência democrática.
Carta-manifesto: uma declaração de intenções
A carta, que destaca a relevância das artes de rua e do carnaval na identidade cultural do Rio de Janeiro, critica medidas arbitrárias que ignoram a história do local. Os autores da carta expressaram preocupações sobre a transferência dos ensaios para o Passeio Público, mencionado como uma área insegura e mal iluminada. Além disso, eles argumentam que tais ações podem levar a um processo de gentrificação, excluindo a população trabalhadora e popular do espaço cultural.
Propostas dos blocos de carnaval
Entre as propostas apresentadas, destacam-se:
- Garantia de permanência na Praça Paris, respeitando os limites de som até às 22h;
- Estrutura mínima para atividades culturais, incluindo iluminação, banheiros e a presença da Guarda Municipal;
- Uso adequado do espaço, com possibilidade de realizar ensaios maiores na parte voltada para a Lapa;
- Revitalização do Passeio Público com a colaboração de coletivos culturais;
- Criação de um fórum permanente de diálogo entre a Prefeitura, moradores e coletivos para decisões sobre espaços públicos.
O documento enfatiza que a arte de rua é um motor essencial para a vida urbana, segurança e senso de pertencimento entre os cidadãos. Por isso, os coletivos culturais defendem que proibir ensaios na Praça Paris não resolve o problema do barulho, mas, ao contrário, esvazia e criminaliza uma expressão cultural rica e arraigada.
A luta pela cultura popular
Com uma rica história de ressignificação de espaços públicos, o Carnaval do Rio de Janeiro é visto como uma forma de resistência e reivindicação do direito à cidade. Os representantes dos blocos afirmam que continuarão a lutar pela defesa da cultura popular como um direito coletivo, buscando cidades mais democráticas e comprometidas com a ocupação criativa dos espaços coletivos.
Na prática, a audiência pública e a subsequente carta-manifesto representam um esforço coletivo para assegurar que a cultura e a arte, tão intrinsecamente ligadas à identidade carioca, mantenham seu espaço na Praça Paris, um local que, segundo os blocos, deve continuar vibrante e acessível a todos.
Para mais informações sobre esse assunto e as atualizações sobre a situação na Praça Paris, você pode acompanhar as notícias pelo app do G1, que oferece cobertura em tempo real.