A violência contra trabalhadores de aplicativos no Brasil tem ganhado destaque nas notícias e levantado importantes discussões sobre a segurança desses profissionais. O recente caso de um entregador do Ifood que foi baleado por um policial penal no Rio de Janeiro traz à tona a necessidade urgente de ações efetivas para proteger esses trabalhadores. Em resposta a essa situação, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) lançou na última terça-feira (2) um Disque Denúncia destinado a registrar casos de agressão e violência contra entregadores e motoristas que atuam em plataformas digitais.
Um canal de denúncia necessário
A nova plataforma, que pode ser contatada pelo telefone 21 98261-6266, tem como objetivo acolher denúncias de agressões físicas, ameaças, assédio e outras violações que muitos trabalhadores enfrentam. O aumento do número de episódios relacionados à criminalização e à violência física contra esses profissionais motivou a criação desse canal, que também aceita relatos de racismo e homofobia, ou qualquer infração que comprometa os direitos dos trabalhadores.
O caso mais recente, onde o entregador Valério dos Santos Junior foi baleado no pé após se recusar a levar um pedido para um policial penal, evidencia a gravidade da situação. Segundo relatos, o entregador se sentiu ameaçado e, ao não atender à solicitação, foi agredido fisicamente. O ocorrido gerou indignação e alertou as autoridades sobre a fragilidade da segurança dos trabalhadores em aplicativos.
Apoio das autoridades
A deputada estadual Dani Balbi (PCdoB), presidente da Comissão de Trabalho da Alerj, enfatizou a importância do Disque Denúncia durante a inauguração do serviço. Ela afirmou que a iniciativa busca dar visibilidade a situações de violência que frequentemente não chegam à esfera pública. “Não podemos permitir que esses trabalhadores continuem expostos a indignidades sem resposta do poder público”, destacou Balbi.
Além de receber denúncias, o canal tem a responsabilidade de produzir relatórios periódicos, que serão utilizados para fundamentar novas medidas legislativas e políticas públicas visando à proteção dos trabalhadores de aplicativos no estado do Rio de Janeiro. Essa abordagem visa não apenas mitigar a violência, mas também criar um ambiente de trabalho mais seguro e respeitoso.
O que mais pode ser feito?
A implementação do Disque Denúncia é um passo importante, mas a sociedade civil e o poder público devem ir além e desenvolver ações que promovam a valorização e a segurança dos trabalhadores de aplicativos. Campanhas educativas sobre direitos dos trabalhadores, treinamentos para os profissionais sobre como se proteger e iniciativas de conscientização para a população são essenciais para criar uma cultura de respeito e valorização dessa categoria.
Além disso, é crucial que ações sejam feitas em conjunto com as plataformas digitais, que devem adotar políticas de segurança mais robustas e efetivas para proteger seus prestadores de serviços. As empresas precisam ter um papel ativo na prevenção da violência contra trabalhadores, oferecendo suporte e recursos adequados para que esses profissionais se sintam seguros em seu trabalho.
Considerações finais
A violência contra trabalhadores de aplicativos não é um problema isolado e exige uma abordagem multidimensional que envolva a sociedade, o poder público e as plataformas. O Disque Denúncia da Alerj representa um esforço significativo para dar voz a esses trabalhadores e garantir que suas denúncias sejam registradas e encaminhadas às autoridades competentes. No entanto, é fundamental que essa iniciativa seja acompanhada de ações concretas que promovam um ambiente de trabalho seguro e digno para todos os trabalhadores do setor. É hora de unir forças e acabar com a impunidade relacionada à violência exercida contra esses profissionais que, muitas vezes, são a linha de frente da logística e do atendimento às necessidades da população.
