Brasil, 2 de setembro de 2025
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Desinteresse pelas notícias aumenta em meio à ansiedade global

A crescente evitação de notícias reflete o aumento da ansiedade e do estresse em um mundo saturado de informações.

No mundo atual, o acesso às notícias é mais fácil do que nunca, mas para muitos, esse é exatamente o problema. Com uma enxurrada de informações e atualizações incessantes, cada vez mais pessoas estão optando por se desconectar das notícias. O desinteresse crescente pelas atualizações diárias reflete um contexto preocupante de ansiedade e estresse, moldado pela quantidade e pela natureza do que é reportado.

A crise da informação e suas consequências

De acordo com um estudo recente do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, 40% dos entrevistados em quase 50 países afirmaram que evitam as notícias, um aumento alarmante em comparação aos 29% registrados em 2017. Nos Estados Unidos, esse número chegou a 42%, enquanto no Reino Unido, a 46%. Muitos atribuem essa desistência à negatividade das manchetes e ao impacto que elas têm no humor.

Mardette Burr, uma aposentada do Arizona, compartilhou a sua experiência ao interromper a visualização de notícias há cerca de oito anos, dizendo: “Agora, não tenho essa ansiedade. Não tenho aquele pressentimento de terror”. Esse sentimento não é incomum entre os que buscam preservar a saúde mental em meio a um fluxo constante de más notícias.

Motivos para evitar as notícias

Os principais motivos apresentados para evitar as notícias incluem o impacto negativo no humor, o desgaste pela quantidade excessiva de conteúdo, e a trajetória de cobertura sobre guerras e conflitos. Os respondentes frequentemente mencionam que, além da revolta, sentem que não podem fazer nada em relação às informações recebidas, levando à frustração e à evasão.

Julian Burrett, um profissional de marketing no Reino Unido, afirmou que se desconectou das notícias desde o início da pandemia, após se sentir viciado nas atualizações negativas. Ele decidiu deletar a maioria dos aplicativos de notícias em seu celular e criar uma comunidade no Reddit chamada r/newsavoidance, para discutir formas de evitar o excesso de informações.

Os impactos psicológicos da exposição à violência nas notícias

Estudos revelam que a exposição prolongada a notícias, especialmente àquelas que exibem tragédias, pode resultar em altos níveis de estresse e piora na saúde mental. Roxane Cohen Silver, professora da Universidade da Califórnia, Irvine, explicou que uma maior exposição está correlacionada a relatos crescentes de ansiedade, depressão e sintomas de estresse pós-traumático.

Com o crescimento e a facilidade de acesso às mídias sociais, a chance de ser exposto a conteúdos perturbadores aumentou exponencialmente. Joshua Toff, diretor do Centro de Jornalismo da Universidade de Minnesota, ressalta que “embora vivamos em um mundo onde as notícias estão disponíveis 24 horas por dia, isso não significa que você deva consumir tudo”.

Estratégias para um consumo de notícias mais saudável

Para aqueles que sentem a necessidade de estar informados, muitas orientações sugerem maneiras de consumir notícias de maneira mais saudável. Isso inclui a criação de limites, como a assinatura de boletins informativos de fontes confiáveis, desligar notificações de notícias e limitar o uso das redes sociais.

Silver aconselha estabelecer horários específicos para ler notícias, permitindo que as pessoas sintam um controle maior sobre sua exposição. “As pessoas podem se manter informadas sem se deixar levar pela rolagem interminável de notícias ruins”, afirmou.

A desinformação e a desconexão da sociedade

Outro ponto importante levantado por especialistas é que, ao se distanciar das notícias, existe o risco de aprofundar divisões sociais. O afastamento das informações pode resultar na exclusão de grupos da vida política, reduzindo a participação em discussões críticas. Os autores de um estudo notaram que a evitação constante tende a ser mais comum entre os jovens, mulheres e classes sociais mais baixas.

A crescente evitação das notícias, impulsionada por uma busca por bem-estar mental, levanta questões importantes sobre como participar de um mundo em constante mudança e como encontrar um equilíbrio saudável entre estar informado e cuidar da saúde mental.

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