Brasil, 2 de setembro de 2025
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Desinteresse pela seleção brasileira: apenas 15% são fanáticos

A pesquisa revela que apenas uma pequena fração da população se importa profundamente com a seleção brasileira, levantando preocupações.

O desinteresse pela seleção brasileira de futebol tem se tornado um tema recorrente nas conversas entre torcedores e especialistas. Segundo uma pesquisa realizada por O GLOBO em parceria com a Ipsos-Ipec, apenas 15,9% dos entrevistados se consideram torcedores fanáticos da seleção, optando pelas notas mais altas em uma escala de 0 a 10. Por outro lado, quase metade, 48,5%, admitiu não demonstrar apego à equipe nacional, refletindo uma distância crescente entre a torcida e a Amarelinha.

O impacto do afastamento dos torcedores

A disparidade na avaliação dos torcedores não é um fenômeno isolado. Thiago Soares, um produtor cultural de 36 anos que reside no Morro do Turano, exemplifica a jornada de muitos torcedores. Após participar de sua primeira partida da seleção há um ano, ele agora se apresenta como um exemplo de dedicação ao time nacional. Thiago não só frequenta jogos, como também fundou o projeto “Crias do MVA”, que ensina crianças a tocar percussão, buscando engajar a juventude com a cultura do futebol.

Segundo Thiago, a maior barreira enfrentada pelos torcedores é o alto custo dos ingressos, que torna quase impossível para muitos se aproximarem ainda mais da seleção. “A grande maioria não consegue arcar com o valor dos ingressos. Isso afasta o torcedor da seleção.” O resultado é um nicho de torcedores que se distancia ainda mais, evidenciando um problema estrutural para a paixão nacional pelo futebol.

A relação com o mercado de ingressos

O preço elevado dos ingressos é apenas uma parte do problema. A pesquisa apontou que 32,4% dos entrevistados deram nota zero em termos de entusiasmo pela seleção, e curiosamente a mesma proporção se declarou apaixonada por seus clubes de coração. Este fenômeno destaca um agravamento na relação entre a seleção e a torcida, especialmente quando considerada a conexão emocional que muitos torcedores têm com suas equipes locais.

Para contextualizar, a pesquisa mostrou que a maior presença de torcedores apaixonados pela seleção se encontra entre homens, pessoas mais jovens e moradores de regiões menos favorecidas do Brasil, como o Nordeste e o Centro-Oeste. Esta constatação revela um recorte socioeconômico que indica que, além do custo dos ingressos, a representatividade e a conexão emocional com a seleção são aspectos que precisam ser resgatados.

Conexão com os ídolos

Lênin Franco, especialista em marketing esportivo, enfatiza que o afastamento também se origina da falta de ídolos que possam conectar os torcedores com a seleção. “Na sua história, ela sempre teve grandes ídolos. E a gente vive um hiato desde o fim da geração de 2002.” Neste sentido, o marketing esportivo deve focar na comunicação constante e nas redes sociais para estender essa conexão com os torcedores ao longo do ano, e não apenas durante as convocações.

Os jovens jogadores como Neymar e Vinícius Júnior estão se tornando referências, mas a escassez de várias figuras carismáticas ainda é um fator que desafia essa relação. Franco aponta que o crescimento de novos talentos, como Estêvão e Endrick, poderia ser uma oportunidade de redirecionar o interesse pela seleção através de suas histórias e conquistas.

Perspectivas futuras para o engajamento da torcida

Com a Copa do Mundo de 2026 se aproximando e outros eventos importantes, como a Copa feminina de 2027, há potencial para uma mudança positiva na cultura torcedora. A pesquisa destaca que apenas 14,1% das mulheres entrevistadas se consideram apaixonadas pela seleção, o que demonstra um espaço considerável para exploração. Envolver as mulheres com a cultura do futebol feminino poderá ser uma ponte para estreitar laços e resgatar a paixão pela Amarelinha.

Thiago Soares acredita que a seleção ainda é capaz de despertar o entusiasmo nos corações dos torcedores. Ele testemunhou essa paixão ao levar alunos do “Crias do MVA” a um jogo recente contra o Paraguai, onde notou como a magia do futebol ainda pode unir as pessoas de forma intensa.

A pesquisa foi realizada entre 5 e 9 de junho de 2025 e entrevistou 2.000 pessoas em 132 municípios brasileiros, com um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

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