Brasil, 2 de setembro de 2025
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Desafios enfrentados por comunidades beduínas na Cisjordânia

Irmãs missionárias denunciam a expansão dos assentamentos israelenses e promovem esperança e resistência nas comunidades beduínas.

A realidade de várias comunidades na Cisjordânia, especialmente entre os beduínos, tem se tornado cada vez mais angustiante devido à expansão dos assentamentos israelenses. As irmãs missionárias Lourdes García e Cecília Sierra, originárias do México, dedicam suas vidas a promover esperança e capacitação em meio a um cenário de tensão e incerteza.

A transformação da paisagem sob ocupação

“Aquela estrada não existia há um mês. E aquela rotatória? Construíram-na nos últimos dias”, observa a Irmã Lourdes, enquanto contempla as colinas a leste de Jerusalém. A mudança rápida na paisagem ilustra a contínua expansão de assentamentos israelenses, considerados ilegais pelo direito internacional, que estão surgindo em áreas onde tribos beduínas sem reconhecimento legal vivem há gerações.

As novas construções forçam os beduínos a abandonarem seu estilo de vida nômade, levando-os a residir em barracos improvisados. A Irmã Cecília relata uma técnica cruel utilizada pelos colonos: “Eles compram uma cabeça de gado, colocam entre os rebanhos beduínos e tiram fotos. Depois, vão à polícia israelense alegando que o gado é deles, roubando assim os poucos meios de subsistência que restam aos beduínos”.

Impacto da expansão do assentamento de E1

As missionárias administram cinco creches na região conhecida como E1, onde o governo israelense decidiu expandir o assentamento de Ma’ale Adumim. Essa expansão pode dividir a Cisjordânia em duas partes, isolando Jerusalém Oriental dos territórios palestinos. O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, enfatizou que o projeto E1 praticamente sepulta a ideia de um Estado palestino viável, ao mesmo tempo em que o Knesset já aprovou uma moção não vinculativa para a anexação da Cisjordânia.

Desafios na educação e no cotidiano

Apesar das adversidades, as irmãs estão comprometidas em apoiar as comunidades. As creches que administram não têm instalações modernas, mas são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. “As crianças precisam caminhar longas distâncias para ir à escola”, afirma a Irmã Cecilia, mencionando que a insegurança aumentou a necessidade de alternativas mais próximas. Em resposta, elas desenvolveram iniciativas educacionais como jardins de infância que oferecem aprendizado e cuidados.

As missionárias também observam que os conflitos afetam a dinâmica social e cultural. Frequentemente, as crianças perguntam sobre afiliações políticas em vez de seus nomes, refletindo um ambiente carregado de divisões, mesmo entre os mais jovens.

Iniciativas de capacitação e esperança

Em resposta à crise crescente, as Irmãs Combonianas têm promovido cursos de capacitação voltados para as mulheres. Desde aulas de costura até produção de sabão e fabricação de velas, essas iniciativas visam ajudar as mulheres beduínas a se sustentarem e criarem uma cooperativa. “Nós fornecemos a matéria-prima e elas produzem os produtos, que vamos enviar para o exterior”, explica a Irmã Cecília.

Além disso, elas oferecem aulas de hebraico para os homens beduínos, permitindo que eles possam compreender documentos legais e, assim, não perderem seus empregos nos assentamentos, que se tornaram, devido à guerra, a única alternativa de sustento. “É uma maneira de prepará-los para o futuro e dar-lhes ferramentas úteis”, complementa a Irmã Lulu.

Um apelo por paz e solidariedade

As irmãs não têm medo de se arriscar em meio a essa realidade volátil. “Não estamos preocupadas conosco; já demos nossas vidas. Só tememos por essas famílias”, afirma a Irmã Sisi. Essas palavras revelam um compromisso profundo com a vida e dignidade de um povo que enfrenta um futuro incerto. Elas se dedicam a cultivar uma semente de esperança, enfatizando que, apesar das barreiras físicas e das divisões sociais, a educação e a solidariedade são chaves para um futuro melhor.

As novas gerações de beduínos e israelenses estão sendo formadas em um ambiente de tensão constante, mas ainda há um espaço para a esperança. Uma criança beduína escreveu em uma pedra colorida: “hurriya as-salam“, que se traduz como “liberdade de paz”. Essa mensagem representa a luta e os sonhos de um povo que anseia por dignidade e um futuro em harmonia.

O clima de incerteza se intensifica na Cisjordânia, mas as ações das irmãs e o esforço comunitário mostram que, mesmo diante das adversidades, a esperança é uma ferramenta poderosa para resistência e mudança.

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