O diretor brasileiro no Banco Mundial, Marcos Chiliatto, afirmou em entrevista que o Brasil enfrenta um grupo político interno que atua contra os interesses nacionais. Segundo ele, essa situação é inédita na história do país e preocupa a relação do Brasil com o cenário internacional, especialmente na guerra de tarifas promovida pelo governo dos Estados Unidos.
Atuação de grupo político contra interesses do Brasil
Chiliatto destacou a presença de um grupo político brasileiro que trabalha contra o próprio país, especialmente no contexto das medidas protecionistas impostas pelos Estados Unidos. “A grande diferença do Brasil é ter um grupo político nacional atuando contra os interesses nacionais. Isso é algo que nunca se viu aqui”, afirmou o representante do Banco Mundial.
Diálogo e relação com Washington
Sobre a possibilidade de reestabelecer o diálogo com os Estados Unidos, Chiliatto reforçou a disposição do Brasil. “Estamos dispostos ao diálogo. Agora, o diálogo, como o presidente Lula já falou, pressupõe que as duas partes estejam dispostas a conversar”, declarou. Ele também comentou que mantém uma relação técnica e produtiva com o governo brasileiro, buscando estar preparado para futuras negociações.
Conjuntura internacional e impacto na política brasileira
O diretor do Banco Mundial avaliou que, nos últimos dois anos, o ambiente nos EUA ficou mais polarizado, dificultando a construção de consensos. “Nos últimos dois anos, a atmosfera em Washington dificultou a construção de consenso, principalmente no tema do financiamento climático e na busca por sustentabilidade global”, explicou.
Ele também reforçou que a ofensiva tarifária de Trump afetou diversos países, incluindo o Japão e outras nações latino-americanas, além do Brasil. “Ninguém vai dizer que o Japão é anti-American, mas também foi afetado. As medidas de tarifação incluem diferentes grupos de países, e o Brasil não é uma exceção”, completou.
Influência da família Bolsonaro e papel do Banco Mundial
Chiliatto comentou ainda sobre a influência do grupo político ligado à família Bolsonaro. “A atuação de um grupo político específico contra os interesses do Brasil é algo que nunca se viu aqui. No entanto, aqui em Washington, essa influência não é tão clara ou direta”, afirmou, destacando que a nomeação de Susana Guerra, vinculada ao bolsonarismo, para uma vice-presidência do Banco Mundial, não afeta a atuação técnica do banco.
Posição do Brasil no Banco Mundial
O representante brasileiro destacou que, atualmente, o Brasil tem uma carteira de empréstimos perto de US$ 2 bilhões, com previsão de chegar a US$ 6 bilhões até junho de 2026, incluindo projetos de infraestrutura, energia, saúde e educação. “Apesar das tensões políticas internas, o desempenho do Brasil na instituição permanece forte e alinhado com as prioridades do banco, como combate à mudança climática e inclusão social”, ressaltou.
Perspectivas futuras e relacionamento com Washington
Chiliatto afirmou que o Banco Mundial continuará apoiando as políticas de desenvolvimento do Brasil, mesmo com as mudanças no cenário político externo. “Estou confiante de que, em algum momento, o diálogo entre Brasil e Estados Unidos vai acontecer”, concluiu, reforçando a disposição do banco em manter uma relação técnico-profissional com o governo brasileiro.
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