O BMA, escritório de advocacia com 30 anos de história, busca ampliar sua atuação em questões societárias e de ativos estressados, mesmo em um cenário de juros altos e menor volume de operações na Bolsa. Em conversa com a coluna na sede no Humaitá, Zona Sul do Rio, os sócios explicaram a estratégia de focar em casos complexos que exigem expertise técnica diferenciada.
Consolidação no setor de casos complexos e transição de liderança
Responsável por fusões como Sadia e Perdigão, e por operações entre Arezzo e Soma, o BMA vem investindo na estrutura de segmentos como ativos estressados, litígios de patentes e energia. Segundo Luiz Antonio de Sampaio Campos, um dos fundadores e ex-diretor da CVM, o diferencial do escritório está na especialização que permite atuar tanto em momentos de crescimento quanto de crise econômica.
“Nosso negócio encontra espaço para crescer por focar em questões complexas. Quando a economia vai bem, há muitas operações; em períodos de retração, emergem problemas societários e corporativos que demandam nosso atendimento”, afirma Campos.
Impacto da estratégia na ausência de áreas cíclicas e oferta de IPOs
Por priorizar casos de alta complexidade, o escritório evita atuar em áreas mais cíclicas, como ofertas iniciais de ações (IPO). O último IPO no Brasil ocorreu há quatro anos, e o BMA realiza operações desse tipo apenas com empresas próximas ao escritório, sem manter uma área exclusiva para isso. Segundo Campos, essa postura evita a contratação em massa de advogados para IPOs que podem se tornar problemáticos na seca de ofertas.
Transição na sociedade e sucessão de fundadores
Com 75 anos, Paulo Cezar Aragão prepara sua saída no final de 2025. Francisco Müssnich prevê deixar o cargo de sócio em 2026, enquanto Plínio Barbosa deve permanecer até 2028. A estratégia é permitir uma transição suave, com os atuais sócios reduzindo suas participações sem abandonar o escritório, que busca manter sua independência e continuidade.
“Queremos uma instituição perene, sem depender da permanência de uma única liderança”, explica Amir Bocayuva, sócio-diretor desde 2014. Ele destaca que a saída dos sócios fundadores visa evitar o fenômeno de escritórios que se fragmentam por conflitos internos ou perda de ligação societária.
Reforço na atuação em setores estratégicos e recuperação judicial
O escritório vem ampliando sua presença em energia—com foco em transição energética, renováveis e gás—e busca atrair clientes no segmento de “special situations”, com expertise em recuperação judicial, participando de casos relevantes como Oi, Americanas e Light. Segundo Bocayuva, fundos de ativos estressados têm sido bastante ativos nesta fase de juros elevados.
Litígios de patentes e clientes estratégicos
Outra frente importante tem sido litígios de patentes, atendendo empresas como Netflix, Apple e Amazon, além de atuar na área de mineração. O escritório também reforça sua presença no setor esportivo, assessorando atletas como João Fonseca e Gabriel Medina em contratos com patrocinadores de peso, incluindo XP e Rolex.
Perspectivas de crescimento e diferenciais competitivos
De acordo com Bocayuva, a estratégia de foco em temas de alta complexidade, ao contrário de escritórios que se concentram em volume e preços baixos, diferencia o BMA no mercado. “Muitos clientes que optam por escritórios mais baratos enfrentam problemas posteriormente. Nosso valor está na qualidade técnica e na entrega de soluções que realmente resolvem os dilemas de nossos clientes”, afirma.
O escritório também reforça sua atuação na área de energia, contratando profissionais como Bruna de Barros Correia, ex-diretora da Aneel, para ampliar sua expertise nesta área estratégica. A previsão é de crescimento contínuo mesmo em tempos de maior cautela no mercado financeiro, sustentado por uma carteira diversificada e especializada.
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