A agropecuária brasileira teve um crescimento de 10,1% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado, conforme divulgado nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado reflete um desempenho positivo em várias culturas, principalmente na soja, milho e café, impulsionando a participação do setor no PIB nacional.
Desempenho da agropecuária e crescimento agrícola em 2025
O setor agrícola recuou levemente 0,1% nos primeiros três meses do ano, mas registrou uma recuperação significativa no trimestre seguinte, ajudado pelo aumento na produção e na exportação de commodities. Segundo o IBGE, atividades de plantio de soja, milho, arroz, algodão e café tiveram crescimento expressivo, contribuindo para o bom desempenho do setor.
Atualmente, a agropecuária representa cerca de 6,5% do PIB divulgado pelo IBGE. No entanto, incluindo atividades das agroindústrias, serviços ligados ao setor e toda a cadeia produtiva, a participação do agronegócio brasileiro pode alcançar até 23%, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).
Soja e milho em destaque no segundo trimestre de 2025
Exportações e produção de soja
O PIB do setor de soja foi especialmente beneficiado pelo esmagamento do grão, realizado majoritariamente entre março e maio. De acordo com Plinio Nastari, CEO da Datagro, o Brasil registrou recordes históricos na exportação de soja, mesmo com a concorrência de Estados Unidos e Argentina no mercado mundial. Giovana Cavalca, analista da Datagro, destaca que atrasos na colheita em 2025 empurraram parte da atividade para o segundo trimestre.
Colheita de milho e atrasos
A colheita da segunda safra de milho, que normalmente ocorre entre maio e agosto, atrasou em 2025 devido ao plantio tardio de soja e às chuvas atípicas. Mesmo assim, a safra total deve atingir 137,8 milhões de toneladas, um recorde histórico, conforme explica Cogo, especialista do setor.
Impactos na produção de cana-de-açúcar e café
O setor de açúcar enfrentou uma queda de 14,5% na produção no segundo trimestre, consequência da seca severa e dos incêndios ocorridos em 2024, aponta Bruno Wanderley, economista da Datagro. A produção de etanol também caiu 14,3%, atingindo 9,74 bilhões de litros.
Por outro lado, o setor de café apresentou recordes nas exportações. De janeiro a junho, o Brasil vendeu US$ 7,52 bilhões da commodity ao exterior, uma alta de 40,6% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionada pelos altos preços do mercado internacional, segundo Daniel Pinhata, analista da Datagro.
Ele ressalta que, apesar do tarifão imposto pelos EUA, o cenário para o café brasileiro permanece bastante favorável, especialmente pela escassez global de oferta. Com isso, o Brasil se consolida como um dos principais fornecedores de arábica na segunda metade de 2025.
Perspectivas para o setor no restante do ano
Especialistas acreditam que o desempenho positivo deve perdurar, especialmente com a possibilidade de maior presença do Brasil nos mercados europeu, japonês e chinês devido às tarifas americanas. A expectativa é de que o crescimento do setor agrícola continue contribuindo para o fortalecimento da economia do país neste ano.