No dia 2 de setembro de 2025, o primeiro dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF) gerou uma forte repercussão digital. Segundo um levantamento da Quaest, foram registradas 746 mil menções nas redes sociais até as 16h30, com um expressivo engajamento público. Dentre as manifestações, 64% eram contrárias à prisão do ex-mandatário, 19% apoiavam a condenação, e 17% se mostraram neutras.
A mobilização da narrativa bolsonarista
Os internautas alinhados ao ex-presidente têm utilizado a hashtag “#BolsonaroFree” para pedir liberdade e alertar o público internacional sobre a situação do ex-mandatário. A percepção de uma suposta perseguição política tem sido amplamente discutida, com muitos apoiadores argumentando que Bolsonaro é alvo de um sistema manipulado para desestabilizá-lo politicamente. Entre as publicações de maior alcance, destaca-se a da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que, com quase 200 mil visualizações, alegou fraudes nas provas do processo e pediu a suspensão do julgamento.
Reações da oposição e da esquerda
Do outro lado do espectro político, as reações foram de celebração diante do início do julgamento. Tanto internautas quanto líderes políticos têm enfatizado que as ações contra Bolsonaro não se tratam de perseguição, mas sim de responsabilização por atentados à democracia. No entanto, a Quaest observou uma ausência de mobilização organizada por parte da esquerda, o que sugere que o engajamento aconteceu de forma mais orgânica e espontânea.
Os perfis ativos nas redes sociais, que se opõem ao ex-presidente, não apenas comemoraram o início do julgamento, mas também se dedicaram a explicar os motivos desse julgamento. Essa estratégia visa conscientizar e disputar a narrativa em relação à base bolsonarista, ressaltando a necessidade de responsabilização dos envolvidos em tentativas de desestabilização política.
A busca por informações e o engajamento público
O elevado interesse do público é evidenciado pelo aumento das buscas no Google, com muitos internautas tentando descobrir onde assistir ao julgamento ao vivo. Este pico de procura sugere que o tema pode gerar ainda mais repercussão nos próximos dias de julgamento e votação. A Quaest classificou esse engajamento como um “alto grau de envolvimento”, indicado especialmente pela busca por informações e contexto sobre o caso.
Narrativas em disputa
De acordo com a análise da Quaest, enquanto a direita conseguiu construir uma narrativa estruturada de vitimização e injustiça, a esquerda opta por uma abordagem mais centrada na valorização das decisões judiciais e na sua importância para a democracia. Essa dinâmica tem implicações significativas para o clima político do país e a preparação de um terreno fértil para discussões futuras sobre o papel das instituições e a responsabilização política no Brasil.
Com o avanço do julgamento e a transformação constante das narrativas em jogo, é essencial que o público esteja informado e atento às informações que circulam nas plataformas digitais. O ex-presidente poderá enfrentar não apenas o desafio legal de suas acusações, mas também um embate constante nas redes sociais, onde a batalha pela “verdade” e pela “justiça” se desenrola em tempo real.
A jornada judicial de Jair Bolsonaro é um tema que continuará a mobilizar discussões intensas em todas as esferas da sociedade. O que se observa neste primeiro dia é apenas o início de um processo que promete prolongar-se por várias semanas, capturando ainda mais a atenção do público e moldando o panorama político do Brasil nos próximos meses.