O debate sobre a exposição precoce de crianças nas redes sociais continua gerando repercussão. Neste domingo (31), a psicóloga Ana Beatriz Chamat, que participou do vídeo do youtuber Felca, denunciando a adultização de menores, revelou em entrevista ao “Fantástico” que tem sofrido ameaças desde a publicação do conteúdo.
Especialista em infância, adolescência e parentalidade, Ana Beatriz comentou no vídeo que a exposição das crianças nas redes pode ter efeitos duradouros na vida adulta. Desde a viralização do material, ela tem recebido ofensas e ameaças direcionadas a si e a familiares.
“As primeiras mensagens chegaram poucos dias após a publicação. É você se perguntar se está seguro em casa, no trabalho… ameaças de morte, de violência sexual, psicológica e física, não só contra mim, mas também contra minha família”, detalhou a psicóloga.
Ana Beatriz explicou que decidiu tornar a situação pública como medida de proteção.
“Foi uma decisão familiar. Meu marido procurou a delegada Lisandrea Salvariego Colabuono, responsável por investigar as denúncias, para que tomássemos as providências necessárias”, disse.
A repercussão das ameaças e a prisão de um suspeito
O caso ganhou nova atenção após a prisão, na semana passada, de Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, suspeito de ameaçar Felca. Ele foi detido em Olinda, Pernambuco, em uma ação conjunta das polícias de São Paulo e Pernambuco, que cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão temporária.
O vídeo, intitulado “Adultização”, foi publicado por Felca na primeira semana de agosto e já soma quase 50 milhões de visualizações. A produção aborda de forma detalhada como crianças e adolescentes são sexualizados nas redes sociais e como influenciadores exploram sua imagem para gerar conteúdo e lucro, muitas vezes com a participação da família.
Impacto na comunidade e medidas de conscientização
Desde a publicação, Felca também revelou que dispensou todas as parcerias e publicidades, priorizando a denúncia do problema. Essa atitude evidencia a gravidade da questão, que chama a atenção para a necessidade de uma discussão mais ampla sobre os impactos negativos da exposição precoce das crianças.
Especialistas apontam que a sexualização infantil nas redes sociais pode levar a consequências sérias, como problemas de autoestima, dificuldade de estabelecer limites nas relações e até mesmo questões de saúde mental. O caso da psicóloga Ana Beatriz ilustra como as vozes que se erguem contra esse tipo de abuso podem encontrar resistência e hostilidade.
A mobilização em torno deste assunto é crucial. A sociedade, as escolas e as famílias precisam se unir para proteger as crianças do uso indevido de suas imagens e garantir que seu desenvolvimento seja saudável. A educação sobre uso responsável das redes sociais deve ser uma prioridade para toda a comunidade.
Os relatos sobre as ameaças recebidas por Ana Beatriz são alarmantes e merecem atenção. É fundamental que as autoridades competentes atuem para investigar e punir os responsáveis, ao mesmo tempo em que se deve criar um ambiente seguro e respeitoso tanto para os profissionais que denunciam abusos quanto para as crianças e seus familiares.
Conforme o debate avança, espera-se que iniciativas de conscientização e proteção às crianças nas redes sociais se intensifiquem, garantindo que a infância não seja ofuscada pela busca por likes e visualizações.