A economia brasileira deve ter apresentado sinais de desaceleração no segundo trimestre, de acordo com economistas ouvidos pelo jornal, corroborando as previsões de que o crescimento será inferior ao do início do ano. Os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) serão divulgados pelo IBGE na próxima terça-feira.
Perspectivas para o crescimento do PIB no segundo trimestre
Após um primeiro trimestre impulsionado por uma supersafra, o setor agropecuário contribuiu positivamente para o desempenho da economia, com alta de 1,4% em relação ao último trimestre de 2024. O consumo das famílias e os investimentos também mostraram resultados acima do esperado, sustentando o crescimento. No entanto, a intensidade desse ritmo deve diminuir, com expectativas de alta mais moderada, ao redor de 0,3%, conforme previsão de Rodolfo Margato, economista da XP.
Fatores internos e externos influenciam a atividade econômica
Segundo Margato, fatores internos, como a manutenção de gastos fiscais elevados — especialmente em previdência e Benefício de Prestação Continuada (BPC) — continuam a apoiar a atividade econômica. Por outro lado, a política monetária mais restritiva, com aumento da taxa básica de juros (Selic em 15% ao ano), tende a frear o ritmo de crescimento, especialmente na indústria, que deve registrar queda acentuada devido à alta dos juros e ao aumento da inadimplência no setor de crédito.
O setor de serviços, que impulsiona a economia por sua relação com a renda das famílias, deve apresentar estabilidade, com destaque para os segmentos de informação e comunicação, que se beneficiam da digitalização e da adoção de inteligência artificial. Já a indústria, sobretudo a de transformação, deve sofrer forte retração, puxando o PIB para baixo neste trimestre.
Expectativas para o restante do ano
Para o terceiro trimestre, há ingredientes de um crescimento moderado, impulsionado por pagamentos de precatórios e uma recuperação gradual da agricultura, especialmente com culturas como o milho, que deve registrar uma safra recorde. Além disso, medidas de ressarcimento do INSS e a retomada do crédito consignado com garantia no FGTS reforçam a expectativa de crescimento de 0,7% no terceiro trimestre.
Entretanto, para o quarto trimestre, a previsão aponta para uma atividade econômica estagnada ou ligeiramente negativa, devido ao efeito de base de comparação mais elevada, às restrições do crédito e ao impacto da política monetária mais restritiva. Margato estima que o PIB total deve variar entre estabilidade e uma leve contração, refletindo os efeitos acumulados do aperto monetário.
Impactos externos e incertezas globais
Os fatores externos, como a guerra comercial e as tensões envolvendo tarifas impostas pelos Estados Unidos, também alimentam a incerteza do mercado, podendo afetar negativamente setores industriais e as exportações brasileiras. Juliana Trece, economista do Ibre/FGV, avalia que essas tensões podem desacelerar ainda mais o crescimento brasileiro ao longo do ano, com projeções de expansão de cerca de 2% a 2,3% para o ano todo, mas com viés de baixa.
Previsões e riscos para 2025
Apesar das incertezas, a expectativa média de crescimento para o Brasil em 2025 é de 2%, sustentada pelo forte desempenho no primeiro trimestre. Ainda assim, economistas alertam que fatores externos, como as tarifas comerciais impostas ao país e a estabilidade das condições globais, podem aumentar a desaceleração da economia ao longo do ano.
Mais detalhes sobre as projeções econômicas e os fatores que podem influenciar o PIB nos próximos meses estão disponíveis no matéria do Globo.