A recente investigação sobre incêndios criminosos em Londres revelou um padrão preocupante de atividades de sabotagem ligadas a agentes russos. O expediente utilizou criminosos locais para realizar ações que promovem desestabilização, colocando em questão a segurança na Europa.
Incêndios em armazéns de empresa ucraniana
No início de 2024, policiais britânicos analisaram um vídeo de segurança que mostrava dois homens mascarados ateando fogo a um armazém localizado na Cromwell Industrial Estate, em Londres. O prédio pertencia a uma empresa ucraniana que enviava ajuda humanitária e equipamentos de internet via satélite para a Ucrânia. À primeira vista, nada indicava que o ato estava ligado a uma operação de espionagem ou sabotagem estrangeira.
Entretanto, dez dias depois, outro incêndio, desta vez em Madri, acendeu alarmes nas autoridades. Investigadores perceberam que o ato de vandalismo era parte de uma ação mais ampla e coordenada, possivelmente expressando uma nova estratégia russa de desestabilização na Europa.
Táticas de desestabilização patrocinadas pela Rússia
O Comandante Dominic Murphy, responsável pela unidade de contra-terrorismo da Polícia de Londres, informou que a Rússia tem se utilizado de criminosos locais para realizar atos de sabotagem. Essa abordagem, segundo ele, vem se intensificando nos últimos dois anos e deve continuar a crescer, conforme indicam as análises das atividades de grupos como o Wagner.
O governo britânico, assim como nações da NATO, começou a relatar o uso de criminalidade organizada por agentes russos. Recentemente, um grupo na Polônia foi acusado de receber pagamentos para incinerar um shopping center, além dos incidentes em Londres e Madri.
Criminosos contratados através de criptomoedas
A investigação revelou que Dylan Earl, um jovem britânico de 21 anos, foi contatado por operativos associados ao Wagner através do aplicativo Telegram, onde recebeu ordens para realizar o incêndio. Earl foi seduzido com promessas de dinheiro e uma vida nova, além de incentivos ideológicos para atuar como “uma faca” para os interesses russos na Europa.
Suspeita-se que ele e um cúmplice tenham recrutado um grupo de jovens para colocar o plano em prática, sem que a maioria deles soubesse que estavam sendo utilizados para executar ordens de um governo estrangeiro. O incêndio foi transmitido ao vivo via FaceTime, com os cúmplices assistindo do conforto de seus lares, acreditando que estavam apenas cometendo um ato criminoso.
Tratamento judicial e implicações
Dylan Earl e seu cúmplice, Jake Reeves, foram condenados por fogo criminoso e violação das leis de segurança nacional britânicas. O caso expôs a maneira como a Rússia pode estar utilizando táticas de proxy para evitar diretas ligações a atos de sabotagem, criando uma cortina de fumaça. A defesa de Moscou, no entanto, nega qualquer envolvimento em atividades de sabotagem contra o Reino Unido.
Muitos analistas acreditam que essa estratégia russa de manipulação e utilização de criminosos locais é um caminho de baixo risco e custo eficaz para a execução de suas metas de desestabilização, comparado ao envio de agentes profissionais em um ambiente europeu cada vez mais hostil.
Investigações em andamento e desafios futuros
As autoridades britânicas estão intensificando suas operações para desmantelar redes de sabotagem associadas ao estado russo. Com as investigações em andamento, é evidente que a ameaça da criminalidade patrocinada pelo estado é uma crescente preocupação para a segurança nacional Europeia.
Além das condenações atuais, a polícia britânica também está monitorando novos planos que podem incluir ações ainda mais audaciosas, como sequestros. As táticas da Rússia permanecem um desafio complexo, requerendo um acompanhamento constante das atividades de potenciais colaboradores dentro da Europa.
Essa revelação de tentativas de sabotagem ligadas a uma operação estatal russa provê um vislumbre do novo campo de batalha onde a desinformação, propagação do medo e a exploração do crime organizado se unem, alterando a dinâmica de segurança no continente e exigindo uma resposta coordenada e urgente.