O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve início na manhã desta terça-feira (2/9), está chamando atenção não apenas no Brasil, mas também internacionalmente. Desde que foi decidido que o ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, enfrentará um tribunal, a repercussão é evidente. A expectativa é que as sentenças para Bolsonaro e os outros sete réus sejam conhecidas até o dia 12 de setembro.
O contexto do julgamento de Bolsonaro
No cenário internacional, a imprensa tem se debruçado sobre os aspectos do processo legal que envolvem Bolsonaro, relembrando, inclusive, suas tentativas de interferência na justiça, similar ao que se viu no caso de Donald Trump. Contudo, o protagonismo do STF, sob a liderança de Alexandre de Moraes, também foi alvo de questionamentos.
Os réus e as acusações
- Bolsonaro e mais sete aliados, incluindo ex-ministros e comandantes, estão sendo julgados juntos. Os réus são acusados de crimes como organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
- A abertura da sessão será conduzida pelo presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, e seguirá com um resumo dos fatos apresentados por Alexandre de Moraes.
- O procurador-geral da República terá até duas horas para sustentar as acusações, após o que as defesas dos réus iniciarão suas argumentações.
A repercussão na mídia internacional
O julgamento também ganhou destaque na mídia estrangeira. O New York Times ressaltou que o Brasil está realizando um feito que os Estados Unidos não conseguiram: levar um ex-presidente à Justiça por tentativas de manter-se no poder após uma derrota eleitoral. O periódico levantou preocupações sobre as medidas de restrição impostas a Bolsonaro, principalmente com relação ao risco iminente de fuga.
Críticas também surgiram quanto ao papel do STF, com o NYT mencionando que o juiz Moraes ordenou batidas policiais e censurou contas online, gerando debates sobre a extensão de seus poderes.
Visões da imprensa britânica
A revista The Economist dedicou sua edição a analisar o processo, apresentando-o como um exemplo de democracia no continente. A tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 foi definida como “esquisita e bárbara”, apresentando um contraste com a maneira como eleições e suas consequências são tratadas em outros países.
No The Guardian, a cobertura focou no esquema de vigilância constante a que Bolsonaro está submetido, citando a preocupação das autoridades com uma possível fuga. O Le Monde também destacou essa situação, caracterizando o ex-presidente como um “risco de fuga” e indicando que está sob monitoramento 24 horas por dia.
Um momento histórico para o Brasil
Por sua vez, o The Washington Post analisou o julgamento como um confronto não só entre Bolsonaro e a Justiça, mas também como uma reflexão sobre o legado autoritário que ele representa, lembrando a figura de Trump e as lições democráticas que o Brasil pode oferecer ao mundo.
À medida que o julgamento avança, acompanharemos de perto as reações internas e externas, refletindo sobre os impactos que esse processo pode ter tanto no futuro político do Brasil, quanto na confiança democrática do povo brasileiro.
O desfecho deste caso, sem precedentes, não só moldará a história política do Brasil, mas também afetará como outros países veem a luta pela democracia em uma era de crises globais.
