Na próxima terça-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) dará início ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este evento não apenas despertará a atenção do país, mas também trará um novo destaque à TV Justiça, o único canal responsável pela transmissão das sessões. Apesar de outras emissoras poderem mostrar imagens, elas não produzirão conteúdo próprio, tornando a apreciação da TV Justiça ainda mais vital para os cidadãos interessados no desfecho dessa controvérsia.
A mobilização em torno do julgamento
O processo que envolve Bolsonaro faz parte de uma ação mais abrangente sobre uma suposta trama golpista e, até o momento, sessões anteriores resultaram em picos históricos de audiência. Em junho, quando ocorreu o interrogatório do ex-presidente, o canal oficial do STF no YouTube alcançou impressionantes 570 mil visualizações. Outros réus, como os ex-ministros Augusto Heleno e Walter Braga Netto, também se apresentaram nessas sessões, aumentando ainda mais o interesse popular.
Nos dias seguintes, os números continuaram a impressionar: o início dos interrogatórios com o tenente-coronel Mauro Cid atingiu 288 mil visualizações. O recebimento da denúncia em março também atraiu 157 mil e 69 mil acessos, demonstrando a relevância desse caso para a audiência.
Impacto da TV Justiça na sociedade
Desde a sua criação em 2002, a TV Justiça tem se dedicado a aproximar o Judiciário da sociedade. Com um orçamento de cerca de R$ 40 milhões, podendo chegar a R$ 60 milhões com despesas adicionais, a emissora transmite todas as sessões do pleno do STF, além de acompanhar eventos importantes do Judiciário. O ministro aposentado Marco Aurélio Mello, que idealizou o projeto, expressou seu orgulho em ver a TV Justiça cumprir seu papel de informar e envolver a sociedade nas decisões do Poder Judiciário.
A televisão passou por investimentos significativos, incluindo o lançamento de um aplicativo, TV Justiça+, que oferece acesso a todas as sessões desde 2020 e decisões históricas. Recentemente, a emissora também conseguiu um espaço privilegiado na televisão aberta em Brasília, buscando aumentar sua audiência.
Desinformação e a necessidade de cobertura
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou a importância da TV Justiça na disseminação de informações sobre o trabalho do Judiciário e no combate à desinformação. Ao apresentar a proposta de orçamento para 2025, Barroso enfatizou que, apesar do “ônus significativo” que a TV representa para o tribunal, ela é crucial para a transparência no serviço público.
A jornalista e cientista política Grazielle Albuquerque observou que a TV Justiça tem acelerado a exposição do STF, influenciando até mesmo os votos dos ministros. Antes da sua criação, a cobertura das decisões do plenário já era feita pelas emissoras comerciais, mas a TV Justiça levou essa exposição a um novo patamar, promovendo um ambiente onde os juízes são mais cientes do público que os observa.
Julgamentos como eventos populares
Albuquerque sugere que casos como o da trama golpista são acompanhados pela população de forma similar a séries ou novelas, enfatizando que isso não decorre apenas da transmissão. Construi-se um fenômeno social em torno do STF, onde os cidadãos conhecem os ministros e se sentem conectados às decisões judiciais. A atual polarização política no Brasil acentua esse vínculo, com discussões inflamadas nas redes sociais e uma cobertura constante pela mídia.
Juntamente com a relevância histórica e a gravidade dos casos julgados, o interesse da população por esses temas indica que a TV Justiça não é apenas um canal de informação, mas um espaço onde as vozes e preocupações da sociedade podem ser refletidas e discutidas.
A expectativa em relação ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF é clara: a TV Justiça se tornará, mais uma vez, um ponto focal para a informação e a interação cidadã, trazendo à tona questões fundamentais sobre democracia, justiça e a responsabilidade do Estado perante sua população.