Nesta terça-feira, começou o julgamento de Jair Bolsonaro, o que provocou aumento na tensão entre Brasil e Estados Unidos. O governo americano utilizou o processo contra o ex-presidente como justificativa para impor sobretaxas aos produtos brasileiros e ampliar sanções, intensificando o embate diplomático entre as nações.
Pressão dos brasileiros em Washington e influência de Trump
Representantes brasileiros, incluindo os deputados Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, estão em Washington tentando usar todos os canais diplomáticos possíveis para pressionar o governo americano e impedir novas sanções. Eles acreditam que a única saída possível é usar os instrumentos diplomáticos, mesmo sabendo que o cenário é difícil.
Segundo analistas, a situação se assemelha ao que ocorreu com Donald Trump, que, mesmo tendo atentado contra instituições americanas ao invadir o Congresso em 2021, conseguiu retornar à presidência devido à lentidão do sistema judicial. \”Trump está aceitando argumentos de figuras secundárias no Brasil exatamente porque vê no julgamento de Bolsonaro um espelho do que pode acontecer com ele\”, afirma um especialista ouvido pelo O Globo.
Repercussão militar e posicionamento internacional
Dentro das Forças Armadas, há uma visão que interpreta o julgamento de Bolsonaro e de militares envolvidos como um sinal de amadurecimento institucional no país, embora a situação ainda seja tensa. Ao mesmo tempo, o Ministério do Comércio discutirá medidas de reciprocidade com os EUA, após o pedido da Camex, considerando a aplicação de tarifas adicionais.
Reações de lideranças brasileiras
O ministro Fernando Haddad destacou que o que ocorre nos Estados Unidos é sem precedentes, citando o modo de governar de Trump, que, ao não seguir os princípios de freios e contrapesos, criou uma situação inédita no país. Em entrevista à BandNews, Haddad afirmou: “Você não ouve mais falar do Congresso, tudo sai de uma cabeça. É um modo de governar sem precedentes nos EUA”.
O papel do processo na disputa comercial
O governo americano tenta fundamentar a aplicação das altas tarifas na investigação pela seção 301 do USTR, alegando práticas desleais de comércio por parte do Brasil. O diplomata Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC, defenderá a posição brasileira na próxima rodada de audiência na quarta-feira, dia 3, com argumentos setoriais, como o caso da Embraer, que demonstrará que metade das peças usadas em suas vendas nos EUA são adquiridas no mercado americano.
Segundo especialistas, Trump sabe que pode perder na Justiça, pois invocar a lei de emergência econômica de forma indevida enfraquece sua posição. Assim, busca fortalecer seus argumentos na investigação, tentando justificar as tarifas com base em práticas comerciais do Brasil consideradas injustas, mesmo sem fundamentos sólidos.
Perspectivas futuras
O momento é considerado complicado, pois as ações comerciais não estão sendo conduzidas de forma racional, o que preocupou o ministro Fernando Haddad. Apesar disso, o Brasil busca aproveitar qualquer oportunidade para apresentar seus argumentos diante do escritório comercial da Casa Branca, tentando evitar o impacto negativo das sanções.
Mais informações sobre o desenvolvimento dessa crise podem ser acompanhadas em esta reportagem.