Brasil, 1 de setembro de 2025
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Imane Khelif desafia teste de gênero e busca justiça no boxe

Campeã olímpica Imane Khelif recorre ao TAS contra regras de gênero que a afastaram de competições de boxe.

Em um desdobramento importante no mundo do boxe, a campeã olímpica argelina Imane Khelif está em busca de justiça ao contestar a obrigatoriedade de testes de gênero imposta pela World Boxing. Khelif, que conquistou a medalha de ouro nos Jogos de Paris-2024, moveu um recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) pedindo a revogação da proibição que a afastou de competições, destacando a necessidade de um nível competitivo justo e livre de discriminação.

A nova política de testes da World Boxing

No final de maio, a World Boxing anunciou uma “nova política de sexo, idade e peso”, que entrou em vigor no dia 1º de julho. A política visa “garantir a segurança dos participantes e estabelecer um nível competitivo igual para homens e mulheres”. Contudo, como parte dessa mudança, foi estabelecido um teste genético obrigatório de gênero para os atletas, que imediatamente impactou a carreira de Khelif.

Khelif foi explicitamente citada no anúncio da nova política e imediatamente afastada de competições importantes, como a Copa de Eindhoven, realizada em julho, e o Mundial da categoria, agendado para começar em Liverpool (Inglaterra) no dia 4 de setembro. A World Boxing alegou que a realização dos testes era essencial antes do retorno da atleta às competições.

A contestação e os próximos passos

A resposta de Khelif foi a de recorrer ao TAS em 5 de agosto de 2025, buscando anular as decisões da World Boxing que a impedem de competir. O tribunal, em nota, destacou que “o recurso busca declarar Imane Khelif elegível para participar do Campeonato Mundial de Boxe de 2025, sem a necessidade de se submeter aos testes”. Entretanto, o TAS ainda não se manifestou sobre um pedido de suspensão provisória das decisões da federação.

A controversa política de testes de gênero, além de afetar Khelif, levantou questões sobre a ética e a inclusão no esporte. Muitos argumentam que políticas como essa podem ser prejudiciais, especialmente quando se torna um critério discriminatório em vez de um método de garantir competições justas.

Um passado conturbado na competição

Além das adversidades atuais, Khelif enfrentou uma série de desafios durante sua carreira. Em seu torneio de estreia em Paris, ela foi alvo de ataques e críticas, principalmente devido à sua vida pessoal e a polêmica gerada pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que não autorizou sua participação no Mundial de 2023. Esta decisão foi baseada na alegação de que a atleta apresentava uma combinação de cromossomos XY, característicos do sexo masculino, o que gerou protestos e também uma reação negativa do Comitê Olímpico Internacional, que reconheceu a validade da participação de Khelif.

Durante a competição, a atleta teve que lidar com a pressão psicológica e os ataques, e mesmo assim, conseguiu avançar no torneio, conquistando a medalha de ouro na categoria meio-médio ao derrotar a chinesa Yang Liu na final.

Um chamado à solidariedade

A situação de Khelif não é apenas uma batalha pessoal, mas também um reflexo das lutas que muitas atletas enfrentam em todo o mundo. Discursos de ódio e ataques se intensificaram em sua estreia e continuam a ressoar na comunidade esportiva. O caso levantou um importante debate sobre a necessidade de apoiar atletas em suas jornadas e reconhecer o valor da inclusão e diversidade no esporte. Iniciativas para criar um ambiente mais acolhedor e respeitoso são essenciais para o futuro do boxe e de outros esportes.

Com a audiência programada no TAS, o que resta a Khelif é a esperança de que a justiça prevaleça e que ela possa retornar ao ringue, onde pertence. O desfecho desse caso poderá não apenas determinar o futuro da atleta, mas também influenciar políticas futuras de inclusão e igualdade no esporte.

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