A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) dará um passo importante nesta segunda-feira ao ouvir o advogado Eli Cohen, que trouxe à tona as primeiras denúncias sobre as irregularidades na instituição. O objetivo é coletar informações que ajudem a esclarecer a origem dos documentos e das provas que sustentam as acusações, além de entender como algumas empresas privadas podem ter se envolvido nas fraudes. A investigação busca aprofundar-se no esquema que, segundo as autoridades, afetou milhões de brasileiros que dependem de benefícios sociais.
Expectativas em torno do depoimento de Eli Cohen
O depoimento de Cohen é considerado crucial pelos parlamentares. Espera-se que o advogado forneça um detalhamento sobre as irregularidades, conectando pontos que foram inicialmente reportados. Isso é vital para que a CPI possa seguir seu curso e estabelecer responsabilidades concretas dentro do INSS.
Além disso, a CPI tem a intenção de ouvir ex-ministros da Previdência, começando pelos mais recentes. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que as datas para os depoimentos estão sendo organizadas, com a possível presença de Carlos Lupi (PDT-RJ), que ocupava o cargo quando as fraudes começaram a ser descobertas. Ouvir esses ex-ministros pode lançar luz sobre as diretrizes e as ações que estavam sendo implementadas no órgão durante os períodos de corrupção.
Outros depoimentos e a figura do “careca do INSS”
Outro testemunho aguardado, mas que ainda não tem data definida, é o do Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”. Antunes é considerado um operador central nas fraudes, sendo responsável por intermediar relações entre associações fraudulentas e servidores públicos. Apesar de um requerimento já ter sido aprovado para ouvi-lo, a CPI decidiu priorizar outros depoimentos antes de convocá-lo.
“Ele só será chamado quando tivermos embasamento para aprofundarmos um depoimento. Antes dele, queremos ouvir ex-ministros, servidores públicos da Controladoria Geral da União, Dataprev e Ministério da Previdência,” destacou Viana.
Enquanto isso, investigações se intensificam
Relatórios da Polícia Federal indicam que Antunes movimentou quantias significativas, chegando a R$ 53 milhões, oriundos de entidades sindicais e empresas relacionadas ao INSS. Este valor é alarmante, especialmente considerando que sua renda oficial era de apenas R$ 24 mil por mês. Parte desse montante foi utilizada em benefícios diretos a servidores, incluindo a compra de um Porsche avaliado em R$ 500 mil que foi transferido para a esposa de um procurador do órgão.
A CPI também planeja se encontrar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para discutir a quebra de sigilo sobre as entradas e saídas de investigados no Congresso. Recentemente, requerimentos sobre as visitas de Antunes a senadores não foram votados devido a argumentos de que isso violaria a imunidade parlamentar, o que levanta preocupações sobre a transparência da investigação.
“Precisamos conversar com Alcolumbre e mostrar que esses dados são fundamentais para as investigações,” concluiu Viana.
Esses avanços nas investigações da CPI do INSS destacam a crucialidade de responsabilizar aqueles que contribuíram para a corrupção dentro de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis. À medida que novas evidências são reveladas através dos depoimentos, a expectativa da população é de que medidas sejam tomadas para prevenir futuras fraudes e garantir a integridade do sistema previdenciário.
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