No Piauí, uma nova iniciativa promete trazer alívio para apicultores e, ao mesmo tempo, melhorar a alimentação de crianças na rede pública de ensino. O Governo do Estado anunciou a compra de 11 toneladas de mel para compor a merenda escolar destinada a 178 mil alunos. Essa estratégia não apenas apoia os apicultores locais que enfrentam dificuldades devido a uma sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos, mas também garante uma alimentação mais saudável aos estudantes.
A importância da compra de mel
A aquisição será feita através da Central de Cooperativas Apícolas do Semi-Árido Brasileiro (CASA APIS) e da Cooperativa Mista de Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapi), que reúne mil famílias em nove cidades da região da Caatinga. Antônio Carlos Carvalho, gerente comercial da Comapi, expressou otimismo com a medida. “Vai nos ajudar muito”, afirmou.
Infelizmente, a realidade das cooperativas não é nada animadora, principalmente por causa da seca que afetou a produtividade. “Aqui na região praticamente não teve chuva. Foi muito abaixo do esperado. Desde março que não chove por aqui”, lamentou Antônio, referindo-se às dificuldades que a cooperativa enfrentou. A expectativa inicial era exportar oito contêineres de mel, mas apenas um foi enviado devido à baixa produtividade.
Como o mel será utilizado na merenda
Com um investimento de R$ 492 mil, o governo garantiu o fornecimento de mel para dois meses, e a primeira entrega já foi realizada em Uruçuí, no Sul do estado. O mel será utilizado como uma alternativa ao açúcar em diversas preparações da merenda, como bolos, vitaminas e saladas de frutas. A nutricionista Micaela Lima, da 11ª Gerência Regional de Educação, enfatizou que o uso do mel na merenda escolar não apenas agrega sabor, mas também valor nutricional essencial. “Além do sabor, o mel reforça a energia necessária para que os alunos mantenham o foco e o rendimento durante a rotina em tempo integral”, explicou Micaela.
Impactos do tarifaço na exportação de mel
A sobretaxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos gerou preocupações significativas entre os apicultores do Piauí. O aumento das tarifas, que foi anunciado em julho por Donald Trump, resultou no cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico brasileiro. De acordo com informações do gestor da Área Internacional e Mercado da Federação das Indústrias do Estado do Piauí (Fiepi), Islano Marques, “152 toneladas de mel deixaram de ser exportadas para os Estados Unidos”. Embora os contratos com clientes tenham sido mantidos, a medida causou um grande impacto financeiro para esses produtores.
O Piauí, embora esteja classificado como o 22º estado em termos de exportações gerais para os Estados Unidos, tem relações comerciais estreitas com este mercado. Aproximadamente 85% da exportação de mel brasileiro da região é destinada aos Estados Unidos, evidenciando a importância do mercado americano para os apicultores locais.
Perspectivas futuras para os apicultores
Com a dificuldade imposta pela sobretaxa e a falta de chuvas, os produtores de mel no Piauí já estão buscando novos mercados e alternativas para se manterem em operação. Apesar das adversidades, como destaca Antonio Carlos Carvalho, é fundamental que os apicultores continue a ter apoio local e governamental para que possam superar essa fase crítica. “Esperamos que medidas como essa se tornem frequentes para que possamos retomar a produção e exportação do nosso mel”, concluiu.
Essa medida é um reflexo de como o governo está atento às necessidades dos pequenos produtores, ao mesmo tempo em que promove uma alimentação saudável para as crianças. Espera-se que a inciativa não apenas ajude a estabilizar o setor apícola local, mas também fomente o consumo consciente e saudável entre as novas gerações.