Brasil, 1 de setembro de 2025
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China enfrenta excessos no setor de shoppings diante da crise do varejo

Enquanto alguns shoppings na China prosperam, outros enfrentam fechamento devido ao excesso de construções e à desaceleração do consumo

A China, conhecida por seu frenético boom de construção de shoppings desde 2013, agora vê o setor enfrentando dificuldades. Apesar de dobrar o número de centros comerciais em quase uma década, muitos estão vazios ou fechando as portas por falta de fluxo de clientes, refletindo uma crise no varejo do país.

Excesso de construções e o impacto no setor

Desde 2013, a China inaugurou cerca de 430 shoppings ao ano, totalizando 6.700 unidades. Em contraste, os Estados Unidos, com uma população equivalente, possuem atualmente 1.107 shoppings, segundo dados da CoStar. Muitos varejistas estão percebendo que a oferta de centros comerciais supera a demanda, resultado de anos de construção financiada por dívidas e estimulada pelo sistema tributário local.

Shoppings em dificuldades e fechamento de lojas

Recentemente, a Apple fechou sua loja no shopping InTime City, em Dalian, a primeira vez que a gigante de tecnologia descontinuou uma unidade no país. Enquanto isso, a loja no Olympia 66 permanece aberta, absorvendo parte dos funcionários. Segundo Ron Johnson, ex-diretor de varejo da Apple, muitos desenvolvedores perceberam que estavam construindo mais shoppings do que o mercado demandava.

O relatório do setor indica que a crise de demanda do varejo, agravada pela desaceleração nas vendas após a pandemia, faz com que shoppings percam fluxo de clientes. Em Dalian, por exemplo, as vendas do comércio subiram 7,4% no primeiro semestre, mas o segmento de shoppings ainda sofre com o excesso de oferta e a concorrência do e-commerce.

Concorrência com o comércio eletrônico e inovação

O comércio eletrônico, que oferece entregas rápidas e práticas, é um dos principais fatores que desafiam os shoppings tradicionais. Atualmente, cerca de 10 milhões de trabalhadores dedicam-se às entregas na China, usando scooters elétricas, caminhões autônomos e até drones. Além disso, marcas chinesas como Huawei e Xiaomi estão ganhando espaço, reduzindo a preferência pelo consumo de produtos da Apple no país.

Apesar das dificuldades, a cidade de Dalian mantém certa resiliência por ser centro de ativos industriais e turístico, com crescimento de 7,4% nas vendas do varejo no primeiro semestre de 2025. Contudo, o excesso de capacidade de construções continua sendo um problema que ameaça a sustentabilidade do setor de shopping.

Razões por trás do excesso de construções

O sistema tributário da China incentiva a expansão imobiliária, especialmente de grandes projetos comerciais, que muitas vezes fazem parte de pacotes de investimentos financiados por dívidas. Os governos locais arrecadam impostos sobre as vendas dos shoppings, enquanto os imóveis residenciais pagam quase nada de impostos anuais, estimulando novas construções mesmo com sinais de desaceleração na demanda.

Dados do ano passado mostram que, só em 2024, foram inaugurados 430 novos shoppings no país, mesmo com a crise econômica e a desaceleração do mercado imobiliário. Essa política contribui para uma rápida divisão do setor entre vencedores e perdedores, com alguns centros comerciais fechando suas portas em meio a processos judiciais e crise financeira.

Desafios e futuro do setor de varejo na China

A crise dos shoppings não é exclusiva de Dalian. Em todo o país, lojas de departamento também enfrentam queda de vendas, refletindo o impacto da recessão econômica, da redução do poder de compra e da maior preferência pelo comércio eletrônico. Segundo a Associação de Comércio Geral da China, esses fatores reduziram significativamente os lucros do setor no último ano.

Patrícia Silva, analista do setor, afirma que “o problema central pode ser atribuído à queda no fluxo de clientes e no poder de consumo”. Ainda assim, regiões com atividades industriais e turísticas, como Dalian, apresentam sinais de resiliência, o que indica uma possível recuperação se as condições de mercado melhorarem.

Para o futuro, o setor de shoppings da China tende a passar por uma consolidação, com fechamento de centros ineficientes e maior foco em inovação, como a incorporação de tecnologias para atrair consumidores e o desenvolvimento de experiências diferenciadas. A situação atual evidencia a necessidade de ajustamentos no modelo de negócios para que o setor possa se recuperar.

Mais detalhes sobre a crise e o futuro dos shopping centers na China podem ser acompanhados na reportagem do O Globo.

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