Brasil, 1 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Câmeras corporais revelam policiais atirando em motoboy nu

Imagens exclusivas mostram a ação violenta de PMs durante operação em Santos, deixando motoboy gravemente ferido.

No último dia 30 de agosto, o episódio que mudou a vida de Evandro Alves da Silva completou dois anos. Em uma operação policial que ficou marcada pela violência e controvérsias, câmeras corporais revelaram que policiais militares atiraram em Evandro enquanto ele estava nu, em um banheiro, no Morro José Menino, em Santos, litoral de São Paulo. As imagens, obtidas com exclusividade pelo g1 e pela GloboNews, mostram a brutalidade da ação, levantando questões sobre os procedimentos adotados pelos agentes de segurança.

O que foi a Operação Escudo?

A Operação Escudo foi desencadeada em julho de 2023 após a morte do policial militar Patrick Bastos Reis. Desde então, a operação resultou na morte de 28 supostos criminosos em confrontos. No entanto, a ação gerou denúncias de violações dos direitos humanos, com relatos de moradores sobre execuções e abordagens violentas. A situação se tornou ainda mais crítica após o que ocorreu com Evandro.

Na versão apresentada pelos PMs, eles afirmaram que estavam fazendo patrulhamento na área quando avistaram suspeitos correndo. Ao se aproximarem do imóvel onde Evandro estava, alegaram que ele estaria armado e, por isso, dispararam. No entanto, as imagens contradizem essa narrativa. Elas mostram Evandro dentro do banheiro, sem armas, quando foi atingido por disparos.

Os momentos que mudaram a vida de Evandro

O dia 30 de agosto começou como um dia normal para Evandro. Casado e pai de três filhos, ele havia decorridos seis meses após abrir um pequeno negócio de mototáxi, tentando recomeçar sua vida. No entanto, enquanto estava no banheiro, três policiais do 5º Batalhão de Ações Especiais (BAEP) chegaram e, segundo relato de Evandro, um dos agentes disparou sem hesitar, atingindo-o no peito. Desesperado e sem roupas, ele pulou pela janela quebrada e caiu de uma altura de 7 metros.

Evandro, que já havia sido abordado por PMs dois dias antes da agressão, se viu em um momento de pânico. “Pensava na minha esposa e na minha filha. Elas não vão me ver no caixão com caixão lacrado”, recordou sobre sua decisão de pular da janela.

A realidade após a operação

Após o ataque, Evandro foi socorrido em estado grave e passou 45 dias internado, sendo 23 deles em coma. As várias fraturas, a perda do baço e outros danos o deixaram com sequelas físicas e emocionais. Hoje, ele relatou ter crises de pânico sempre que se depara com viaturas da polícia. “Se der pra entrar em algum lugar antes, eu entro”, afirmou, demonstrando o impacto psicológico da violência policial em sua vida.

Investigações e denúncias

Após o incidente, Evandro foi indiciado por resistência e porte ilegal de armas, devido a uma pistola encontrada no local por policiais. No entanto, a defesa de Evandro e sua esposa alegam que a arma foi plantada, uma vez que as imagens contradizem a versão da polícia quanto à presença da arma no imóvel. As investigações seguem com o Ministério Público de São Paulo, que ainda não tomou uma decisão sobre as possíveis acusações contra os policiais.

A resposta da Secretaria da Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou que as investigações foram realizadas com rigor e que o inquérito policial foi concluído. O Ministério Público, por sua vez, destacou que todas as evidências, incluindo vídeos das câmeras corporais, são analisadas. Entretanto, a situação atual permanece indefinida quanto ao destino dos policiais envolvidos na ação violenta.

Durante dois anos, Evandro e sua família têm lutado não apenas para reconstruir suas vidas após um episódio traumático, mas também para buscar justiça em um sistema que muitas vezes parece falho e indiferente às vítimas. A repercussão do caso coloca um holofote sobre a brutalidade da polícia e a necessidade urgente de reformas nas operações de segurança pública no Brasil.

A luta por justiça continua, e a história de Evandro Alves da Silva é um lembrete doloroso dos desafios enfrentados por muitos em um país onde a relação entre a população e a polícia é frequentemente tensa e controversa.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes