A recente entrevista da médica cardiologista Sílvia Monteiro à Rede Sinodal em Portugal destaca temas cruciais para a implementação das propostas do Sínodo, incluindo a renovação espiritual e a inclusão da diversidade nas comunidades religiosas. Neste contexto, Monteiro traz uma visão que deve ser considerada por todos os fiéis e líderes eclesiais em tempos de mudança.
A necessidade de renovação espiritual
Neste momento de implementação das conclusões do Documento Final do Sínodo, a médica Sílvia Monteiro expressou sua preocupação sobre o risco de que a aplicação da sinodalidade se torne um processo meramente burocrático. Para ela, a verdadeira essência da sinodalidade deve centrar-se na renovação espiritual e na conversão relacional. “Precisamos esvaziar nossas certezas e preconceitos para abrir nossos corações às surpresas de Deus”, afirmou.
Monteiro destaca que o documento resultante do Sínodo reflete a vontade do povo de Deus, inspirado pelo Espírito Santo. “A renovação espiritual e a conversão relacional podem ser a chave do sucesso para a implementação deste documento sinodal”, explica. Ela enfatiza a necessidade de que cada comunidade busque um espaço para o crescimento espiritual de seus membros através de formação contínua e acompanhamento, promovendo uma verdadeira transformação pessoal e comunitária.
Transformação das relações na Igreja
Além da espiritualidade, Monteiro também retratou a importância de cultivar relações saudáveis dentro da Igreja. Para ela, a Igreja deve ser um espaço onde as pessoas se sintam acolhidas e respeitadas. “Cuidar das relações significa olhar nos olhos das pessoas, fazer gestos de carinho, e escutar com o ouvido do coração”, disse.
Neste cenário, ela sugere que a empatia e a compaixão são “skills” essenciais que a Igreja deve desenvolver. “Precisamos reconhecer e compreender os sentimentos do outro, e a compaixão exige um compromisso ativo para ajudar quem precisa”, disse a cardiologista, pontuando que essas dimensões são fundamentais para a vivência da fé e da comunidade.
Abertura à diversidade como um caminho para a inclusão
Monteiro destaca a inclusão da diversidade como um dos desafios mais complexos enfrentados pela Igreja na fase de implementação do Sínodo. Ela compara este processo a “mudar as quatro rodas de um carro, com o carro em andamento”, enfatizando a necessidade de todos participarem. “Não podemos ter medo da diversidade. Para que haja mudanças, devemos incluir novas vozes e camadas sociais”, enfatizou.
Ela também fez um chamado direta às mulheres: “É fundamental que cada uma de nós faça seu discernimento sobre qual é a missão que Deus tem para nós e estejamos dispostas a assumir nosso lugar na Igreja”. Ela destacou que a contribuição feminina não deve ser subestimada, pois cada mulher pode trazer uma voz significativa e inovadora para a espiritualidade e as práticas eclesiais.
Um olhar para o futuro
Sílvia Monteiro, atuando como médica em Coimbra e integrante da Rede Sinodal em Portugal, participa da iniciativa “No coração da esperança”, que visa introduzir práticas sinodais em diversas comunidades. O trabalho consiste em escutar diferentes perspectivas e promover a coordenação entre as ações em curso. A médica ressalta que a sinodalidade deve estar integrada à essência da vivência cristã, transformando não apenas a organização, mas também atingindo a profunda espiritualidade de cada membro.
Com a sensibilidade necessária, as comunidades eclesiais têm um papel crucial nesse caminho. A diversidade deve ser um elemento central no fortalecimento das relações e da prática espiritual. Monteiro conclui que aceitar e integrar todos os sujeitos, respeitando suas particularidades, é um passo essencial para cura e renovação da Igreja e das pessoas que dela fazem parte.
O que se espera agora são ações concretas que possam não apenas atender às demandas do Sínodo, mas que também levem à verdadeira transformação espiritual e relacional nas comunidades religiosas. A abertura à diversidade e a renovação das relações são pilares necessários para que essa jornada coletiva seja, de fato, uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos.
Laudetur Iesus Christus