Brasil, 1 de setembro de 2025
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A importância da autoconciência em profissões consideradas “trabalho sujo”

A nova pesquisa aponta que trabalhadores em empregos estigmatizados que se importam menos com o que os outros pensam têm menos exaustão emocional.

Uma nova pesquisa revela que trabalhadores em empregos estigmatizados, como garis, guardas prisionais e dançarinos exóticos, que se preocupam menos com a opinião da sociedade experimentam níveis mais baixos de exaustão emocional, mantendo maior satisfação em suas vidas e trabalhos. A pesquisa publicada no Journal of Management & Organization destaca como a autoconciência atua como um moderador na maneira como esses trabalhadores sentem o estresse de suas ocupações, com implicações importantes para sua saúde mental.

O que caracteriza o “trabalho sujo”

O sociólogo Everett Hughes cunhou o termo “trabalho sujo” em 1958 para descrever ocupações que são “física, social e moralmente tingidas”. Esses trabalhos, essenciais para a funcionalidade da sociedade, são frequentemente ignorados ou desvalorizados. Exemplos incluem:

  • Tingimento físico: Trabalhos que envolvem exposição a sujeira ou condições perigosas, como mineração e gestão de resíduos.
  • Tingimento social: Funções que lidam com indivíduos estigmatizados, como oficiais de correção.
  • Tingimento moral: Ocupações ligadas a atividades vistas como imorais, como advogados de lesões pessoais ou dançarinos exóticos.

Essas profissões enfrentam um estigma significativo, resultando em alta rotatividade e diminuição da percepção de significado no trabalho. A nova pesquisa revela uma nuance importante: os trabalhadores não são afetados da mesma maneira pelo estigma, pois diferenças de personalidade moldam como o estigma se traduz em exaustão.

O papel da autoconciência

A autoconciência é definida como a “consciência e a preocupação de um indivíduo sobre como é percebido pelos outros, especialmente em contextos sociais”. A pesquisa revelou um padrão claro: o trabalho sujo está positivamente associado à exaustão emocional, que impacta negativamente a satisfação no trabalho, na carreira e na vida. No entanto, a autoconciência moderou essas relações. Aqueles com altos níveis de autoconciência gastam mais recursos emocionais se ajustando às normas sociais, levando a uma exaustão emocional aumentada. Em contrapartida, indivíduos com menor autoconciência são menos suscetíveis à exaustão emocional, pois se preocupam menos com a percepção externa.

O impacto nas culturas coletivistas

Embora a pesquisa tenha sido realizada em culturas individualistas, como os Estados Unidos e o Reino Unido, onde as opiniões externas têm menos peso, as autoras sugerem que, em culturas coletivistas, as consequências do estigma podem ser ainda mais intensas. Nesses contextos, os indivíduos podem estar mais propensos a considerar as percepções sociais, aumentando assim a importância da autoconciência.

Implicações para trabalhadores e empregadores

Para trabalhadores em ocupações estigmatizadas, a pesquisa sugere que desenvolver estratégias para reduzir a preocupação excessiva com o julgamento externo pode ajudar a proteger a satisfação e reduzir a exaustão emocional. Para os empregadores, as descobertas apontam para intervenções organizacionais. Prover estratégias de enfrentamento psicológico e apoiar os funcionários na reinterpretação das opiniões sociais sobre suas profissões pode atenuar as tensões emocionais associadas ao “trabalho sujo”. Ao mudar a maneira como esses papéis são valorizados, os empregadores podem ajudar a proteger o bem-estar e a satisfação de seus trabalhadores.

Resumo do estudo

A pesquisa foi realizada com 234 participantes se autodeclarando trabalhadores de ocupações consideradas “trabalho sujo”. Os dados foram coletados em dois momentos diferentes, com os pesquisadores medindo experiências de trabalho sujo, exaustão emocional e autoconciência.

Os resultados mostram uma clara associação entre trabalho sujo e exaustão emocional, com a autoconciência moderando essa relação. Funciona como um alerta para a importância de prestar atenção à percepção externa sobre os diversos tipos de ocupações, especialmente aquelas frequentemente marginalizadas pela sociedade.

As descobertas destacam a necessidade de mais apoio e compreensão para as pessoas envolvidas em trabalhos que são essenciais, mas muitas vezes desvalorizados. A pesquisa conclui que, ao abordar e entender as nuances da autoconciência e do estigma ocupacional, pode-se promover um ambiente de trabalho mais saudável e satisfatório para todos.


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