O tema do Jubileu de 2025, que traz a frase “A esperança não decepciona”, é um chamado vigoroso para um mundo que busca paz, renovação e fraternidade. Trata-se de um convite profundo para que todos se voltem para Deus, alimentando a esperança em suas vidas e na coletividade, tornando-se agentes de transformação social e espiritual. Sob essa perspectiva, a mensagem reflete a essência da fé cristã, que é dignificar o ser humano e abrir portas para um futuro melhor.
A centralidade da esperança na teologia paulina
Na teologia de São Paulo, a esperança é uma virtude fundamental que serve de suporte aos cristãos em sua jornada de fé. Para Paulo, a esperança é mais que um simples otimismo, ela é a certeza que se apóia na promessa divina e na ressurreição de Cristo. Essa esperança projeta os fiéis rumo a um futuro glorioso, ao mesmo tempo que sustenta as lutas do presente, oferecendo força nas tribulações. Portanto, a esperança, segundo o apóstolo, é um dom do Espírito Santo que alimenta a perseverança e a confiança em um futuro melhor, onde “a glória futura” supera os sofrimentos atuais.
Paulo insere a esperança na tríade da fé, esperança e caridade, sublinhando que ela é um componente essencial na vida comunitária. A esperança não é algo que individualiza, mas que integra, já que, no corpo de Cristo, essa expectativa encontra seu verdadeiro significado. O apóstolo afirma que “a esperança não decepciona” porque está fundamentada no amor de Deus derramado nos corações. Essa perspectiva unifica os cristãos em uma missão comum: a de se tornarem portadores de esperança e amor ao próximo.
A esperança segundo São Paulo Apóstolo
O Pe. Gerson Schmidt, em suas reflexões sobre a esperança na voz de São Paulo, destaca a gravidade de não crer na ressurreição. Segundo o apóstolo, aqueles que não creem estão “sem esperança”. Em suas cartas, Paulo enfatiza que se a esperança se restringe apenas a esta vida, os cristãos são os mais miseráveis de todos os homens (1Cor 15,19). Ele, portanto, exorta os fiéis a não se entristecerem como aqueles que não têm esperança. Esta visão revela uma realidade nova e abrangente para os cristãos, que, em Cristo, se tornam novas criaturas, vivenciando uma esperança verdadeira que transforma suas vidas.
Além disso, a esperança é descrita por Paulo como uma confiança ativa nas promessas de Deus. Ele se refere ao batizado como alguém que já vive a ressurreição e que deve viver essa realidade no dia-a-dia. Com não apenas palavras, mas com ações, os cristãos são convidados a transbordar de esperança, pois a alegria e a paz foram asseguradas por Deus. Essa promessa é ainda mais relevante no contexto do Jubileu de 2025.
A esperança como mensagem central para o tempo presente
O lema do Jubileu, “A esperança não decepciona”, é uma citação direta de Romanos 5,5 e encapsula a ideia de que a esperança cristã, sustentada pelo Espírito Santo, não falha, mesmo diante das adversidades. Esta mensagem ressoa especialmente em tempos de crise, quando a humanidade necessita de uma renovação de fé e solidariedade. O tema “Peregrinos de esperança” proclamado pelo Papa Francisco reforça a chamada a ser um portador de esperança em tempos de incerteza.
A esperança não deve ser vista como um mero sentimento otimista, mas como uma atitude confiante em esperar pelo que é bom, fundamentada na fidelidade de Deus. Essa busca pela esperança leva os indivíduos a perseverarem e lutarem por um futuro melhor, mesmo diante das dificuldades. A perspectiva cristã da esperança é assim uma certeza que se baseia nas promessas divinas e não se desencoraja nem mesmo nas situações mais desafiadoras.
Com isso, o Jubileu se apresenta como uma oportunidade não apenas para regenerar a fé individual, mas para construir um mundo mais fraterno e solidário. Em tempos onde a desilusão pode ser predominante, a formação de uma comunidade de esperança é vital para o fortalecimento da sociedade. O cristão é chamado a ser um exemplo de esperança e amor, estimulando a paz, o acolhimento e a renovação entre os povos.
Em resumo, o Jubileu de 2025 e seu tema central, “A esperança não decepciona”, estabelecem um novo horizonte para a vivência da fé, convidando as pessoas a se unirem em prol de um futuro onde a esperança de Cristo ilumine a trajetória humana, promovendo fraternidade, paciência e um mundo melhor.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.