O presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, realizaram seu primeiro encontro desde o retorno de Donald Trump ao poder, durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai em Tianjin. Os dois líderes discutiram a necessidade de aprofundar a cooperação e reduzir tensões na relação bilateral, marcada por disputas de fronteira e impactos econômicos da guerra comercial dos Estados Unidos.
Reunião em Tianjin reforça a parceria China-Índia
Modi anunciou a retomada dos voos diretos entre os dois países e afirmou que, no último ano, os laços se estabilizaram após a retirada de soldados de áreas de conflito na fronteira. Xi Jinping declarou que China e Índia não devem permitir que questões de fronteira prejudiquem suas relações, reforçando a mensagem de que a “escolha correta” é serem amigos.
Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, Xi afirmou que, enquanto permanecem parceiros em vez de rivais e veem oportunidades de desenvolvimento, as relações entre China e Índia poderão florescer de forma estável. Modi também destacou o momento, que coincide com o enfrentamento de tarifas elevadas impostas pelos EUA e a busca por diversificação de parcerias globais.
Contexto geopolítico e sinais de cooperação
A visita de Modi, a primeira em sete anos, ocorre em um momento de tensão nas relações com Washington, que culminou na imposição de tarifas de 50% sobre produtos indianos na semana passada, como forma de punição por compras de petróleo russo. Índia defende seus laços com a Rússia, classificando essas ações como “injustas”.
Xi destacou a necessidade de encarar a relação bilateral sob uma perspectiva de longo prazo, promovendo o multilateralismo e maior democracia nas relações internacionais, em um cenário global marcado por incertezas. Ele também mencionou a importância de tratar a relação China-Índia como uma oportunidade de desenvolvimento e não como uma ameaça.
Avanços diplomáticos e parcerias estratégicas
O encontro ocorreu após sinais de avanço diplomático, como a recente aproximação na demarcação das fronteiras disputadas entre Índia e China, além da realização de uma cúpula da Organização de Cooperação de Xangai com a presença de líderes da Rússia, Paquistão, Irã e outros países do bloco. A reunião reforça a estratégia de Pequim e Moscou de criar plataformas que desafiem a ordem liderada pelos Estados Unidos.
Durante o encontro, também houve a presença do presidente russo Vladimir Putin, que viajou a Tianjin para participar do evento, o maior da história do bloco. Analistas apontam que a China e a Rússia estão apostando em fortalecer alianças com países da Eurásia para ampliar sua influência no cenário internacional, em um momento de atritos com os EUA e a Europa.
Perspectivas futuras na relação China-Índia
Ambos os líderes concordaram em expandir comércio e investimentos bilaterais, além de buscar reduzir o déficit comercial. A cúpula também marcou uma tentativa de construir uma governança mundial alternativa à influência ocidental, promovendo maior diálogo e autonomia entre os países do bloco.
Especialistas avaliam que, apesar dos desafios, a parceria China-Índia pode evoluir para uma relação mais estratégica, baseada na cooperação econômica e na gestão de diferenças, considerando o cenário internacional turbulento. As próximas semanas deverão revelar se o entendimento político se traduzirá em ações concretas de integração e estabilidade regional.
