Recentemente, a prisão de imigração conhecida como “Alligator Alcatraz” na Flórida foi palco de graves incidentes, incluindo o uso de gás lacrimogêneo e agressões físicas contra detentos, em resposta a uma suposta rebelião. A situação emergiu com relatos de pelo menos três imigrantes que se comunicarão com o canal de notícias em espanhol Noticias 23, levantando questões alarmantes sobre as condições humanitárias na instalação enquanto as autoridades tentam atender a uma ordem judicial para fechar o local.
A situação alarmante no “Alligator Alcatraz”
As tensões aumentaram quando detentos, após receberem a notícia da morte de um familiar, passaram a gritar por “liberdade”. De acordo com as alegações feitas aos repórteres, um grupo de guardas interveio de maneira violenta, utilizando bastões e gás lacrimogêneo contra os prisioneiros. “Eles bateram em todos aqui, muitas pessoas sangraram. Irmão, gás lacrimogênio. Somos imigrantes, não somos criminosos, não somos assassinos”, disse um dos detidos durante uma das ligações.
Além das alegações de agressão, os prisioneiros relataram que um alarme de incêndio soava continuamente e que um helicóptero sobrevoava a área, sugerindo uma resposta desproporcional às manifestações dos detidos.
Histórico de condições desumanas
As denúncias sobre as condições de vida na prisão têm se tornado comuns, com muitos imigrantes vivendo em gaiolas metálicas enquanto aguardam deportação. A administração do ex-presidente Donald Trump e o governador da Flórida, Ron DeSantis, foram criticados por endossar as duras condições do local em uma visita realizada no mês passado.
No último mês, a juíza federal Kathleen Williams ordenou que a instalação fosse fechada dentro de um prazo de 60 dias por violar leis ambientais. A decisão da juíza foi reafirmada quando ela rejeitou um pedido dos advogados do estado da Flórida e da administração de Trump para suspender sua ordem.
Reações das autoridades e ativistas
Em resposta aos acontecimentos, a divisão de gestão de emergências da Flórida (FDEM) negou veementemente as alegações de um motim. “Esses relatos são fabricados. Não há rebelião acontecendo em Alligator Alcatraz. Os detentos são mantidos em condições de vida limpas e seguras, e os guardas estão devidamente treinados em todos os protocolos estaduais e federais”, afirmou Stephanie Hartman, diretora de comunicação da FDEM.
Entretanto, apoiadores dos detentos, que têm mantido uma presença constante nas portas da prisão desde sua inauguração em 2 de julho, afirmaram não ter conhecimento de qualquer incidente específico, mas documentaram outros relatos de abuso ocorrido na instalação. Um dos ativistas declarou: “As pessoas detidas no local estavam em greve de fome por mais de 14 dias, apesar da administração DeSantis negar. O que aparentemente fizeram foi transferir os grevistas para outras instalações para dispersá-los.”
O futuro da imigração na Flórida e as novas propostas
Enquanto as autoridades estaduais tentam acelerar os processos de remoção dos detentos, o governador DeSantis anunciou planos para uma nova prisão de imigração no norte da Flórida, chamada de “depot de deportação”. Essa proposta se insere em uma tendência preocupante, onde diversos estados têm se mobilizado para construir centros de detenção com nomes que satirizam a condição dos imigrantes, como o “Speedway Slammer” em Indiana e o “Cornhusker Clink” em Nebraska.
A situação atual em Alligator Alcatraz e as propostas para novas instalações chamam a atenção não apenas para a política de imigração na Flórida, mas também para as questões de direitos humanos e como os imigrantes são tratados em tempos de crise. O futuro ainda é incerto, mas as vigílias e protestos em frente à prisão continuam, enquanto ativistas buscam justiça e dignidade para aqueles que estão detidos.