WASHINGTON — A senadora Joni Ernst, do Partido Republicano pelo Iowa, anunciou que não disputará a reeleição no próximo ano, de acordo com fontes próximas à sua decisão. A decisão, que foi primeiro reportada pela CBS News, pode abrir espaço para uma corrida potencialmente competitiva no Iowa, poucos meses depois de a governadora republicana Kim Reynolds ter declarado que também não iria buscar reeleição.
Nos últimos meses, Ernst e sua equipe refletiram profundamente sobre essa decisão. Uma fonte familiarizada com as discussões relatou que a senadora não respondeu a pedidos de comentários sobre o assunto. Ernst venceu a reeleição em 2020 com uma margem superior a seis pontos, enquanto o ex-presidente Donald Trump teve uma vitória expressiva no estado em 2024. Curiosamente, na eleição de 2012 e 2008, o Iowa teve como vencedores os democratas Barack Obama.
Possíveis candidatos para o assento senatorial
A congressista Ashley Hinson, também do Partido Republicano, planeja concorrer ao assento aberto para substituir Ernst. Ex-âncora de um canal de notícias local, Hinson conseguiu derrotar um candidato democrata em uma cadeira da Câmara em 2020, o que a torna vista como uma forte concorrente entre os republicanos. Além dela, o embaixador da OTAN, Matt Whitaker, também está considerando se candidatar ao assento senatorial, caso Ernst não busque reeleição.
Embora os quatro assentos do Congresso atualmente estejam representados por republicanos, a situação pode mudar, visto que o congressista Randy Feenstra está concorrendo ao governo e os representantes Zach Nunn e Mariannette Miller-Meeks sinalizaram as intenções de se reeleger na Câmara. Com o expressivo movimento de Jensen para o governo, o cenário político no Iowa está mudando rapidamente.
Luta pelo controle do Senado
Vários democratas já entraram na corrida contra a senadora Ernst. Entre eles estão o deputado estadual Josh Turek, o senador estadual Zach Wahls, a presidente da escola de Des Moines, Jackie Norris, e Nathan Sage, um veterano dos Marines e do Exército. A entrada de múltiplos candidatos democratas pode indicar uma tentativa de conquistar um espaço que não é favorável ao partido desde 2008.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, avaliou a aposentadoria de Ernst como uma potencial oportunidade para os democratas, ao sugerir que seu partido poderia conseguir conquistar as quatro cadeiras necessárias para assumir o controle do Senado. Schumer afirmou que as decisões do Partido Republicano, impulsionadas pela agenda do ex-presidente Trump, poderiam prejudicar as chances do partido.
A trajetória de Joni Ernst
Aos 55 anos, Ernst tomou posse após vencer a eleição em 2014, quando derrotou o deputado democrata Bruce Braley. Sua campanha se destacou por apresentar uma imagem de “forasteira” em Washington, utilizando um comercial memorável em que mencionou sua experiência castrando porcos, o que prometia “fazer os de Washington gritarem”. Apesar de ter se comprometido a apenas dois mandatos de seis anos, ela é popular entre os republicanos em Washington, que esperavam que ela concorresse novamente.
Entretanto, Ernst enfrentou pressão do flanco direito do seu partido, especialmente após sua indecisão em apoiar a indicação do ex-presidente Trump para liderar o Departamento de Defesa, Pete Hegseth, que enfrentou alegações de agressão sexual, as quais negou veementemente. Ernst, que focou seu mandato no combate à agressão sexual nas Forças Armadas, acabou decidindo por apoiar Hegseth.
Além disso, a senadora ganhou atenção nacional em maio ao defender cortes propostos no Medicaid durante uma reunião pública em Iowa, onde foi confrontada por um participante crítico das implicações da legislação. Ernst, em uma resposta polêmica, disse: “Todos nós vamos morrer, então, para os céus.”
Washington estava à espera do anúncio de Ernst em relação a seus planos para o futuro político, especialmente após ela ter contratado um gerente de campanha, mas ter adiado seu evento anual “Roast and Ride”. Na última parte do ano, Ernst arrecadou menos dinheiro (722 mil dólares) do que em qualquer trimestre durante a campanha de 2020, o que pode indicar um esfriamento em seu apoio.
Com a aposentadoria de Joni Ernst, os próximos meses prometem reservar uma intensa e acirrada disputa eleitoral no Iowa, onde tanto republicanos quanto democratas buscam definir seus campos de batalha e estratégias.
