Os papéis se inverteram na nova aliança do Centrão. Se antes era o PP de Ciro Nogueira que pressionava o União Brasil a entregar seus cargos e romper de vez com o governo Lula, agora é o partido de Antônio Rueda que está com a casa arrumada e aguarda os aliados se resolverem. No Progressistas, o último impasse é a forte resistência interna em abandonar a Caixa Econômica Federal, comandada por um indicado do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL).
Uma nova federação em busca de poder
União Brasil e PP lançaram, recentemente, uma federação, que permitirá que esses partidos funcionem como um só pelas próximas quatro anos. O planejamento dessa nova união visa apresentar uma candidatura de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambas as cúpulas das legendas almejam anunciar conjuntamente a entrega de cargos na máquina federal e o rompimento definitivo com o Planalto.
A aliados, Rueda garantiu que o União Brasil anunciará o desembarque do governo Lula até a próxima quarta-feira (3/9). De acordo com interlocutores, ele também deve se reunir com Ciro Nogueira na terça (2/9) para decidir se o aliado conseguirá acompanhá-lo nesta importante decisão política. O presidente do PP, который foi ministro da Casa Civil durante o governo Jair Bolsonaro (PL), é um dos principais defensores de uma candidatura única do Centrão com a direita em 2026, com o objetivo de derrotar Lula.
Desafios internos e o controle da Caixa Econômica
No entanto, o caminho para essa aliança não é simples. O PP tenta pacificar internamente a situação da entrega do Ministério do Esporte, atualmente sob a gestão do ex-líder do partido na Câmara, André Fufuca. Problemas maiores surgem em relação à Caixa Econômica Federal, que é desejada pelo Centrão devido à sua importância em programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, além de serviços relacionados ao financiamento de obras.
A entrega desse “tesouro” da máquina pública é dificultada pelo fato de que o comando da Caixa foi dividido entre Lira e outros partidos do Centrão. No atual cenário, existem vice-presidências indicadas pelo próprio PP, além de representantes do Republicanos, do PDT e até do PL de Bolsonaro, que conta com uma indicação atrelada à parte menos oposicionista da sigla.
Ministérios sob controle e a pressão por cargos
Atualmente, o União Brasil possui três ministérios no governo Lula, mas apenas o do Turismo é uma indicação formal da sigla. Os ministros da Integração e das Comunicações são escolhas pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e a expectativa é que continuem em seus postos. O PP, por sua vez, está à frente do Ministério do Esporte desde 2023, e uma ala do partido deseja manter os cargos e seguir colaborando com Lula até 2026.
A gestão do ministério é vista como uma ferramenta crucial para a reeleição de parlamentares, que utilizam as obras e ações dessas pastas para reforçar seu capital político junto às bases eleitorais. O próprio ministro do Esporte mostra resistência em abrir mão do cargo. Fontes da pasta informam que ele ainda alimenta esperanças de permanecer na gestão, uma vez que busca uma vaga no Senado pelo Maranhão, estado onde o apoio de Lula poderia lhe garantir votos decisivos.
Conflitos internos dentro do União Brasil
O União Brasil, até o momento, já se desfez da maioria das suas indicações. Foram entregues cargos na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Denocs). No entanto, o futuro do ministro do Turismo, Celso Sabino, ainda é incerto, visto que sua indicação foi feita pela bancada da sigla na Câmara.
Rueda avisou aos aliados que, no caso de o ministro não deixar a pasta, ele será expulso do partido. Sabino, por sua vez, resiste e tenta reverter essa decisão até a próxima semana. Se optar por permanecer no governo, isso será tratado como uma escolha pessoal do presidente Lula, que não comprometerá a posição dos deputados do União Brasil em relação ao Planalto.
O cenário político no Brasil está em constante evolução, e o desfecho dessa nova aliança entre PP e União Brasil poderá trazer mudanças significativas na dinâmica de poder, impactando desde a utilização de recursos públicos até as futuras eleições.