A Força Aérea dos Estados Unidos decidiu conceder um funeral com honras militares à Ashli Babbitt, membro da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, gerando forte repercussão nas redes sociais e entre o público americano. A iniciativa, anunciada oficialmente na última semana, contraria uma decisão anterior do governo Biden, que havia negado essa homenagem à veterana.
Contexto da morte de Babbitt e a decisão de honra militar
Ashli Babbitt foi mortalmente atingida por um policial do Capitólio enquanto tentava atravessar uma porta de vidro durante o ataque ao Congresso. Apesar de não estar armada, ela carregava uma mochila e ignorou diversos pedidos de se afastar. O policial, Lt. Michael Byrd, foi posteriormente absolvido de qualquer irregularidade pelas investigações do Departamento de Justiça e da Polícia do Capitólio.
Durante o tumulto, Babbitt participava de uma direção de ataque contra a segurança do Congresso, o que, segundo as autoridades, colocava em risco a vida de parlamentares, funcionários e policiais. Sua família, por sua vez, questiona o uso da força e afirma que ela “não oferecia ameaça”.
Decisão de reverter a negativa ao funeral com honras
Em decisão publicada nesta semana pelo vice-secretário da Força Aérea, Matthew Lohmeier, o reconhecimento foi restabelecido após análises que consideraram “informações adicionais” sobre a morte de Babbitt. Anteriormente, oficiais da força concluíam que homenagear a ex-militar seria “uma afronta à reputação da Força Aérea”.
Segundo Lohmeier, a avaliação foi atualizada após uma revisão “cuidadosa” das circunstâncias do episódio, que, na visão dele, haviam sido interpretadas de forma equivocada inicialmente.
Reação e polarização nas redes sociais
A aprovação da homenagem gerou reações conflitantes. Figuras conservadoras e aliados do ex-presidente Donald Trump apoiaram a decisão, afirmando que a homenagem representa o reconhecimento de uma veterana vítima de um sistema que tenta silenciar os apoiadores de Trump e aqueles que desacreditam o ocorrido em 6 de janeiro.
Por outro lado, críticos, incluindo políticos democratas e ex-integrantes das forças de segurança, consideraram a decisão uma “vergonha” e um “recuso à verdade”. O ex-deputado Adam Kinzinger, veterano do Exército, declarou que honrar Babbitt seria “uma desonra à sua própria história de serviço”.
Repercussões e opiniões divergentes
Vários ex-policials que defenderam o Capitólio, como o ex-sargento Aquilino Gonell, manifestaram profundo repúdio à homenagem. Gonell, que se aposentou prematuramente após os ferimentos sofridos durante o ataque, afirmou estar “traído novamente por políticos do movimento MAGA” e criticou a decisão de conceder honras a quem chamou de “participante de uma insurreição”.
A controvérsia também alcançou o âmbito político, com o próprio ex-presidente Trump apoiando a postura de Babbitt, chamando-a de “heroína” e destacando sua ligação com o movimento aliado ao seu governo. A Casa Branca, até o momento, não comentou formalmente a decisão.
Implicações e o debate sobre memória e legitimidade
A polêmica põe em xeque o conceito de homenagem militar e o limite do reconhecimento oficial a indivíduos envolvidos em atos considerados ilegais ou controversos. Enquanto apoiadores defendem que a homenagem é uma forma de respeito a uma veterana, opositores enxergam na iniciativa uma validação de ações que instigaram violência e polarização.
A decisão também reacende o debate sobre os limites do discurso político e sobre o significado de patriotismo e serviço militar em tempos de forte divisão social.
Os próximos dias devem esclarecer se o governo manterá a homenagem ou se haverá uma reconsideração frente às críticas públicas e internas. A controvérsia evidencia como temas relacionados à política, segurança e memória coletiva estão cada vez mais entrelaçados na atual conjuntura americana.